quinta-feira, 26 de março de 2020

"CONVERSA DE COMPADRES" ENTRE VEREADORES E SECRETÁRIO MARCA ESTRÉIA DE SESSÕES POR VIDEOCONFERÊNCIA NA CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO LUIS

Na Câmara Municipal de São Luís, após o presidente Osmar Filho [PDT] reduzir o número de  sessões semanais de TRÊS [quando dá quórum] para apenas UMA, como medida de contingência contra o coronavírus, os vereadores inauguraram na terça-feira [24/03] os trabalhos por sistema de videoconferência. Marcou a estreia da novidade uma audiência "pública" com o secretário de saúde, Lula Fylho, que na verdade foi uma "conversa de compadres", cujo objetivo foi dar um up na moral do secretário, que anda muito down.

Na reunião remota de quase 4 horas de duração, descrita no Youtube como "Audiência para tratar de emenda coletiva dos vereadores", os parlamentares fizeram bate-papo motivacional com secretário, quando o mesmo tentou minimizar os efeitos das saias justas de sua gestão, a exemplo da história da vacinação do H1N1 que seria para dois meses, mas as doses acabaram logo no primeiro dia da campanha. A SEMUS, inclusive havia montado uma mega estrutura para a ação, mas tudo foi em vão.

Mesmo com o colapso na saúde do município [que não tem nada a ver com a pandemia do coronavírus], os vereadores da base aliada, em peso, blindaram o convidado e se limitaram a fazer-lhe  perguntinhas bobas e cobranças tolas, do tipo que mandasse equipe de vacinação para suas comunidades. Em certos momentos a reunião remota deixava a leve impressão de um balcão de negócios com as emendas. E na falta de questionamentos pertinentes e críticas necessárias, sobraram bajulações de cortesia ao secretário, com direito a parabéns por sua gestão, avaliada como ótima pelos vereadores, e que estaria no caminho certo e tal etc e tal.

Único questionamento 

Dos 15 [de 31] vereadores que participaram da transmissão inédita [muitos deles direto do confinamento em suas residências], apenas o professor Sá Marques [hoje na oposição] manifestou críticas à gestão da saúde, denunciou irregularidades no setor, a precariedade e o desrespeito dentro dos hospitais do município, a exemplo do Hospital da Crianças, como foi denunciado recente por este blog. Sá Marques também cobrou que o dinheiro das emendas parlamentares sejam destinadas de fato à saúde.

A maioria dos questionamentos do parlamentar, porém, foi ignorada por Lula, que fazia ouvido de mercador a tudo aquilo que não lhe interessava, e com a ajuda do presidente da Casa, que controlava tudo [interferindo quando algo podia comprometer uma resposta], o secretário alcançou o objetivo, tirou de letra e deu show.

Qualidade técnica

Tecnicamente falando, a transmissão foi ruim, de péssima qualidade, principalmente o áudio; a conversa sofria interferências técnicas e ruídos de ambiente e prejudicou bastante a compreensão do que era falado, que em muitas situações não se ouvia nada, e assim transcorreu por toda a sessão. Vereadores falavam, o secretário muitas vezes não entendia, mas respondia apenas o que lhe era favorável.

Aliás a qualidade de som era tão ruim, que até a tradutora de libras ficava mais parada do que transmitindo os sinais ao público que assistia pela internet. Sorte que certamente, das pessoas [baixa audiência que oscilava entre 20 e 40 visualizações] que acompanhavam a transmissão remota não era surda.

A Intérprete de libra [na parte inferior do imagem], coitada, se esforçava para acompanhar as falas dos conferencistas, mas acabou ficando parada a maior parte do tempo. 
Fato inusitado

Já se passava mais de uma hora de conversa dos vereadores com o secretário, quando do nada surge um pedido de questão de ordem. Quem? é quem é? Pergunta o presidente. Era o Marcelo Poeta, aquele que tem sido comparado ao intolerante Carlos Massaranduba do antigo programa humorístico Casseta e Planeta, que por qualquer coisa sai dando "porrada". Ele parecia ser o único que participava fora de casa, devia estar na rua, dentro do carro. E se alguém pensava que fosse perguntar algo ou ao menos parabenizar o secretário, enganou-se: "Presidente é o seguinte... [interferido por falas] Faça o seguinte, a minha bateria ta acabando, e aí eu gostaria de ter a palavra, ou então deixasse a minha voz pra frente. Eu vou chegar em casa pra poder botar pra carregar, e que eu não perca a minha, a minha voz...." sinaliza o governista em sua única intervenção, porém a videoconferência acabou quase duas horas depois, e ele não mais retornou.

Participaram da teleconferência

Participaram da sessão inovadora os governistas: Osmar Filho [presidente], Ivaldo Rodrigues, Paulo Victor, Nato Júnior, Dr. Gutemberg Araújo, Umbelino Júnior, Bárbara Soeiro, Fátima Araújo, Chico Carvalho, Edson Gaguinho, Astro de Ogum, Genival Alves, Marcelo Poeta, Ricardo Diniz e Pavão Filho. E os oposicionistas: Cesar Bombeiro e professor Sá Marques.

Os próximos?

E com esse novo sistema virtual para as sessões da Câmara de São Luís e mediante a estratégia de blindagem adotada pelo presidente da Casa, facilitará ao legislativo municipal mobilizar outros controversos secretários, a exemplo do Antônio Araújo [SEMOSP], Moacir Feitosa [SEMED] e Canindé Barros [SMTT]. Araújo, os oposicionistas já só faltaram pedir ao papa que o obrigue a comparecer para dar muitas explicações sobre sua gestão suspeita de vícios, mas ele nunca vai, graças a mãozinha amiga dos aliados. Canindé, outro contra quem pesam muitas denúncias e muitas suspeitas, apesar de já ter "largado" a pasta, pode perfeitamente ser o próximo a dar show. Moacir, que também tem uma gestão digna de uma investigação séria, esse dispensa comentário.

E até o prefeito Edivaldo Holanda Jr poderá dar as caras para dizer algumas coisas que lhe interessam, é claro, que será ovacionado por seus fiéis escudeiros, os edis. Nunca por suas vítimas, a população de São Luís.


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