O secretário municipal de Saúde Lula Fylho pode até tentar encobrir o dilema no Hospital Dr. Odorico Amaral de Matos, o famoso hospital da Criança de São Luís; tentar passar para a opinião pública que não houve nada demais no desabamento do forro de PCV sobre os pequenos enfermos, ocorrido na terça-feira [17/03], e até usar o discurso do seu homônimo e dizer que tudo não passou de uma "marolinha"; pode dar o popular "migué" nos vereadores e Ministério Público do Maranhão de que lá está tudo na mais pura normalidade, mas a realidade é que é cruel e trágico, da estrutura ao atendimento nessa casa de saúde, onde falta de tudo, principalmente respeito. As obras do prédio novo, digno do título de elefante branco, não avançam, enquanto a vida de pequenos inocentes corre perigo. O que funciona bem só a vigilância rígida, mas a lente do blog do Adilson Carlos conseguiu discretamente furar o bloqueio do Lula para mostrar imagens do lado obscuro de uma obra pra lá de suspeita, sem projeto, executada sem compromisso com os interesses e anseios da população, que se arrasta pelos dois mandatos do prefeito Edivaldo Holanda Jr [PDT], torrando dinheiro público, que já é chamado popularmente de "lavanderia".
Na terça-feira [17/03] uma parte do forro de um setor da casa de saúde veio abaixo, e segundo relatos de uma mãe que viralizou nas redes sociais, teria caído sobre duas crianças que estavam internadas, o que por pouco não seria uma tragédia. Em nota a Secretaria Municipal de Saúde desmentiu, que as peças de PVC tenham atingido pacientes ou acompanhantes. As imagens, porém, mostram leitos [berços] completamente sujos com o material que desceu do teto.
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| Peças do forro de PVC, após cair sobre berços/imagem de vídeo |
Relatos do descaso
Dias antes do corrido, o titular do blog esteve no referido hospital coletando informações sobre a realidade naquele espaço, mediante a várias denúncias de já recebidas sobre o descaso ali predominante. Na "sala" de espera que fica na área externa, as reclamações do atendimento não param. Todos tem algo a relatar do descaso dentro do HC.
"Aqui falta tudo. Não tem medicamento, às vezes a gente é obrigado a comprar porque não tem. Tem dia que não tem nem gaze pra fazer curativo", denuncia uma acompanhante.
"Ano passado minha filha de 5 anos sofreu um acidente e eu trouxe pra cá, mas me despacharam, dizendo que não tinha material pra emergência. Então quando a gente precisa de emergência, melhor nem vim aqui porque se corre o risco de não ser atendido", relata uma senhora que aguardava do lado de fora um acompanhante.
"Aqui falta remédio direto, é um desrespeito. Se depender deles [gestores] essas crianças morrem. Não digo nem dos médicos, dos funcionários, né? Porque eles fazem o que podem, mas é essa estrutura aqui, é revoltante pra gente, sabendo que tem dinheiro, o nosso dinheiro, e nossos filhos não tem o direito, né? a um atendimento bom", critica outra mãe.
"Esse hospital tá todo inacabado, toda chuva forte alaga tudo, a parte de cima tá toda inacabada, tem muitas infiltrações, até as salas novas tão infiltrando. O local da sala do SAMI, onde fica guardado todos os prontuários dos pacientes está totalmente insalubre, os prontuários estão no chão, quando deveriam estar acomodados em prateleiras, e a sala fede, tá cheia de mofo, com certeza tem bactérias, fungos, o que pode afetar os funcionários e possivelmente até pacientes", revela um funcionário que preferiu o anonimato por medo de represália.
O prédio Novo
O prédio novo, anexo, este elefante branco, teve sua obra de reforma e ampliação iniciada em julho de 2014, tendo o prazo de entrega dado pelo prefeito, julho de 2016, vésperas de eleição. Quatro anos depois da data prometida, a construção parece muito distante de um final feliz. Segundo informações que chegaram ao blog, o último prazo dado pela prefeitura teria sido fevereiro de 2020, data já expirada, e nada.
Visualizado à distância [primeira imagem], aparentemente, só falta o acabamento das janelas para sua inauguração. Já dentro dos muros, a realidade é outra. Na área de espera, a estrutura do imóvel [imagem abaixo] denuncia que os problemas vão além de simples acabamentos.
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| Acabamento inacabado |
Orçado inicialmente em R$ 12 milhões, até meados de 2019, segundo divulgado pela imprensa local, a construção já havia torrado R$ 15 milhões, e que também não se sabe o porque, mas já passou por diversas empresas. Para saber quanto já foi gasto até o momento, o blog procurou o vereador Estevão Aragão [PSDB], um dos críticos da prefeitura na Câmara Municipal, mas este não soube precisar o valor exato, porém adiantou tratar-se de alto custo, e revelou que a obra já perdeu até recursos do governo Federal, pasmem, porque o executivo municipal não tem sequer projeto para sua execução.
"Eu sei que lá foi gasto um valor... e ainda perderam o convênio com o Ministério da Saúde. Perderam justamente porque não tinham projeto. Foi o que o secretario de saúde [Lula Fylho] falou pra nós lá na Câmara uma vez, e depois os defensores públicos nos disseram em uma reunião conosco, com alguns vereadores, e ninguém sabe dizer ao certo o porque foi suspenso, porque foi perdido o convênio", frisa o parlamentar.
"Lavanderia" de dinheiro de público
Dúvidas e muitos questionamentos entre pessoas comuns da sociedade que passam em frente ao Hospital da Criança, também leva a conclusões, muitas delas eivadas de suspeitas, inclusive de corrupção. Alguns acham que a obra do anexo caminha a todo vapor e está próximo sua entrega à população. Para os mais incrédulos, há algo muito estranho na execução da mesma. O cidadão que se identificou como Antonio José, por exemplo, acredita que ela está sendo usada para desvio de dinheiro público, por ele denominada de "lavanderia".
"Essa obra desse hospital tá na cara que é uma verdadeira 'lavanderia' de dinheiro, com certeza tem muito dinheiro sendo desviado, porque faz sete anos, e não se ver resultado. E não tem interesse de entregar porque quanto mais tempo passa, é mais verba para quem tá se aproveitando", comenta o homem.
A obra vista pela parte de dentro
Agora seja bem vindo ao lado oculto aos olhares de quem passa de longe e não sabe como está a obra do Hospital da Criança, por dentro. Apesar da da dificuldade, discretamente nossa lente teve acesso a algumas áreas da referida construção, onde tudo está no popular, CRU. Veja as imagens e tire suas próprias conclusões.
Equipe de trabalho
Importante destacar que durante nossa rápida e discreta passagem foi percebido uma equipe de poucos operários, pudemos contabilizar seis pessoas trabalhando no local [podia ter mais alguns onde não houve acesso], tocando serviço ao bom estilo "banho-maria". Levando-se em consideração a estrutura do prédio, e se houvesse responsabilidade para entrega do mesmo, pode-se afirmar que o número de trabalhadores presentes é insuficiente para a execução do serviço, se por acaso este estivesse sendo levado a sério pela gestão municipal.
E olha que já houve TAC assinado entre a prefeitura e Ministério Público do Maranhão (MP-MA), interferência da Justiça, mas a obra parece estagnada e os avanços são lentos. Pelo visto chegará o final do mandato do prefeito Edivaldo Holanda Jr, e não será inaugurado, e caso isso ocorra, será uma entrega de "fachada", com muitos problemas a serem herdados pelo próximo gestor.
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