domingo, 19 de julho de 2020

O ATENDIMENTO HUMILHANTE NO ITAÚ DE SÃO LUÍS EM ÉPOCA DE PANDEMIA


O atendimento bancário no Maranhão neste período pandêmico da doença covid 19 tem sido desumano e humilhante. Um exemplo dessa crueldade é constatado no Itaú em São Luís, onde diariamente usuários se submetem a situações absurdas, como passar mais de 2 horas numa fila, exposto ao sol e chuva, seja para pagar um boleto ou resolver um problema burocrático na instrução financeira. Na quarta-feira [15/7] o editor do blog do Adilson Carlos viveu o drama que cidadãos ludovicense tem sofrido para realizar algum procedimento na agência da rua Grande, Centro da capital, nesta época de restrições e cumprimentos de protocolos sanitários como medidas preventiva ao novo coronavírus. Além da minha vivência com a dura realidade, ouvimos relatos de pessoas revoltadas com os abusos a que são submetidas, que pode reduzir os riscos de contaminação, da mesma forma que facilitar o contato com o vírus, e outras doenças. 

O atendimento pode ser dividido em três momentos: exposição ao sol ou a chuva por cerca de uma hora e meia [no mínimo], aglomeração na porta e a espera no interior da agência.

Na chegada ao banco às 9:56 da manhã, do lado de fora, recebemos a senha de número 27, para um atendimento agendado no horário das 10:00 às 11:00. A fila chega a cerca de 40 metros, e os clientes expostos a um sol de escaldar, se emaranham com os vendedores ambulantes na calçada e com transeuntes que passam na rua. Cada um se distrai como dá, uns com o celular, outros puxam conversa para passar o tempo, e o assunto principal, claro, é a insatisfação com o atendimento.    
"Isso aqui é uma humilhação, ficar nesse sol, ninguém merece... e ninguém toma as  providências, não tem fiscalização... [os órgãos responsáveis] não fiscalizam este desrespeito, não cobram nada desses bancos... e a gente ficar aqui nesta humilhação, isso aqui é uma perversidade", chama a atenção um cliente, se dirigindo ao editor do blog e aos demais próximos.

Outro cidadão critica o fato de o Itaú, em plena pandemia, em vez de ampliar o atendimento ao público, demite funcionários e fecha agências. No centro eram três, mas duas delas fecharam as portas.

"Tinham dois bancos aqui na rua grande e tinha mais o outro ali da rua da paz, mas os dois fecharam nessa pandemia, só ficou esse aqui [da rua Grande], e todo mundo é obrigado a vim pra cá, pra ficar desse jeito, pegando sol, pegando chuva... Parece até brincadeira com os clientes, porque agora que ta precisando de mais agências, eles demitem funcionários, fecham agências, [os bancos] só pensam nos lucros..."

Outros criticam os protocolos sanitários e acham que as medidas do governo que limitam o acesso ao interior dos bancos podem até estimular novos casos da doença. 

“Eles falam que isso é pra não se espalhar coronavírus, mas desse jeito é que se pega mesmo, porque a gente fica nesse sol, depois entra pro ar-condicionado, não vai sofrer um choque térmico? Aí pega uma virose, e ainda vão dizer que é coronavírus... dizem que não é pra fazer tumulto, lá na frente fica o amontoado de gente, então não vai todo mundo pegar coronavírus?”, raciocina uma senhora. 


Senha recebida com horário agendado entre 10:00 a 11:00
Clientes ao sol escaldante 

O tempo passa, a fila não anda, e as reclamações não param. Na frente do banco, de um lado é a geral, do outro preferencial, e a entrada é limitada a 10 pessoas de cada vez, sendo cinco de cada lado, que só adentram após a saída dos 10 que estão no interior da agência. Quem não suporta o sol queimando a cara entre a máscara, vai para o outro lado da rua, onde encontra um pouco de sombra enquanto a posição do sol é favorável, e os toldos de lojas também. A humilhação é completa quando chove.

"Quando chove é que pior. Outro dia, tava uma fila enorme e começou a chover, e aí todo mundo saiu correndo, entrando nas lojas pra se abrigar, só que o pessoal de lá [funcionários] começou a expulsar a gente, tipo como se expulsa um cachorro, aquilo foi muito humilhante", relata um homem.
Para fugir do sol causticante muitos clientes ficam aglomerados do outro da rua em frente ao banco, junto com os ambulantes e em meio aos transeuntes, aguardando a vez 

Com o quadro de pessoal reduzido, o Itaú, adverte em seu mural estar cumprindo determinação do governo do Estado, que limita em 10 o número de pessoas dentro do banco. 

Na entra o aviso do decreto do governo do Estado, que limita 10 pessoas de cada vez dentro do banco

Se a preocupação é aglomerar dentro da agência, do lado de fora as aglomerações são inevitáveis. O descontrole também. A todo momento que o controlador de senhas distribui os papeis, todos correm pra cima, e formam muvuca na parte anterior a porta giratória.  

Aglomeração na porta do banco, do lado de fora

11:35 o fiscal de fila autoriza a subida de que quem ainda tem senhas das 10:00 às 11:00, e manda formar uma fila numa rampa de acesso a cadeirantes, anterior a porta giratória. Fadigados, cabeça quente, estressados, insatisfeitos, revoltados. Todos estão à flor da pele e as reclamações não param, especialmente os mais idosos, que a essa altura do campeonato já não aguentam mais nem ficar em pé. 
Aglomeração na rampa de acesso a cadeirantes


Mais aglomeração na entrada, antes da porta giratória: de um lado, do outro e no centro

12:10 chega a minha vez de entrar com mais 9 pessoas pela porta giratória. Já do lado de dentro, recebe-se uma nova senha, a minha viria a ser chamada pelo atendente só às 12:33. Ou seja, passei 2 hora e 37 minutos para ser atendido, submetido a uma verdadeira humilhação no Itaú da rua Grande. Essa é a realidade que muitos passam diariamente para fazer pagamentos nos caixas, ou realizar tantos outros serviços que não conseguirão resolver em caixas eletrônicos ou nos meios online.    
Senha que marca a entrada neste verdadeiro calvário a que o cidadão se obriga a submeter-se diariamente.



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