Passando eu pela BR 135 neste feriado, e vendo este monumento da vergonha que virou o tal projeto de duplicação da rodovia da morte, lembrei-me do questionamento de um ouvinte do meu programa de rádio e leitor deste humilde blog, querendo saber o por que de o deputado federal Pedro Fernandes ter abandonado sua luta histórica pela obra que nunca acaba, torra dinheiro público indiscriminadamente e que mantém esta rodovia como uma das mais perigosas do país, por sua estrutura que não atende mais à demanda de tráfego, bem como as péssimas condições em que se encontra.
"Cadê o deputado Pedro Fernandes que sumiu da luta pela duplicação da 135? Será porque seu filho ta no governo Dino ou por emplacar colaboradores seus no flor?", questiona Haroldo.
Fazendo-se uma busca nas notícias pela internet e baseando-se em entrevistas concedias pelo referido parlamentar às rádios e outros veículos locais no passado, ou mesmo em suas inserções gratuitas de campanha, pode-se constatar que o Pedro Fernandes realmente era um grande defensor dessa duplicação da BR 135 até certa ocasião, senão vejamos algumas destas manifestações que o fortaleceram politicamente.
Em 2008, quando sonhava ser prefeito de São Luís, Fernandes anunciava com entusiasmo na mídia que o Departamento Nacional de Infra-Estrutura e Transporte (DENIT) já licitava a referida obra que compreendia do Estreito dos Mosquitos a Miranda do Norte, e que logo-logo a primeira parte do projeto correspondente ao trecho de São Luís a Bacabeira, estaria garantindo plenas condições de trafegabilidade aos maranhenses. Na oportunidade o deputado revelou que já teria, inclusive recursos garantidos para conclusão imediata deste primeiro lote de serviços.
Em 2012, como secretário de Cidades do governo Roseana, Pedro Fernandes comemorava que a ordem de serviço tinha sido assinada no Ministério dos Transportes e que o consórcio Serveng/Aterpa (vencedor da licitação) iniciaria as obras no mesmo ano, o que realmente aconteceu no mês de setembro.
Em 2015, de novo como deputado, e perdendo o prestígio no governo Dilma, convocou a bancada maranhense na Câmara e anunciou boicote ao planalto na votação da Desvinculação de Receita da União (DRU) até que liberasse mais verbas para a conclusão das obras, que há época já andava a passos de cágado.
Depois disso o parlamentar veio perdendo força na sua luta. Andou calado, por exemplo, diante do trágico acidente envolvendo um um veículo passeio que fazia transporte de passageiro e um caminhão de lixo, que se chocaram frontalmente, matando 08 pessoas, entre elas, crianças, fato ocorrido em 03 de julho de 2016.
Em 2017 Fernandes voltou a tocar no assunto, mas desta vez tendo a BR 135 em segundo plano, quando apresentou na Câmara Federal indicações ao Ministério dos Transportes, pedindo a implantação de hidrovias no Maranhão, nos rios Parnaíba, Mearim e a construção dos terminais flutuantes do espigão costeiro em São Luis e Alcântara.
"A nossa iniciativa junta-se a outras que venho trabalhando no sentido de melhorar a infraestrutura de transporte no maranhão. Tudo começou logo no primeiro mandato, ocasião em que iniciamos o processo para duplicação da BR 135 de Miranda a são luís, obra já em andamento e que, apesar das dificuldades que enfrentamos, já é uma realidade de curto prazo", complementa o deputado, justificando sua indicação.
Fato é que o serviço de duplicação da estrada da morte que começou em 2012 com conclusão prevista para setembro de 2014, foi orçado em R$ 213 milhões de reais. De lá pra cá, este valor tem subido como foguete, enquanto os trabalhos para sua conclusão caíram como um raio, e desta forma pelas últimas informações, o montante para sua execução triplicou, já ultrapassando a cifra dos R$ 600 milhões de reais, mas o serviço estagnou, prova disso é o mato que já toma conta das escavações da obra.
Aliás, depois de uma nova crise por conta da sequência de mortes na referida rodovia em 2016, por aqui forçaram a vinda do Ministro dos Transportes, Maurício Quintella ao Maranhão no dia 05 de janeiro, quando o mesmo anunciou mais um aditivo de R$ 180 milhões, e garantiu "com todas as letras" que a duplicação da primeira parte do projeto seria finalizada no segundo semestre deste ano, "sem mais atrasos", disse o ministro.
Mas assim que deu as costas, o tralho que naquele dia funcionou a toque de caixa, voltou a estaca zero, o que levou o DENIT, pela "trogésima" vez a adiar essa tão sonhada entrega só para 2018, e desta vez quebrando os dentes de Quintella.
Bom, mas voltando ao questionamento do nobre Haroldo, sobre os motivos pelos quais o deputado Pedro Fernandes se afastou da luta pela conclusão da BR 135?
Estar no governo Flávio Dino, tendo emplacado o filho Pedro Lucas numa Agência Executiva Metropolitana (criada politicamente por Marcio Jerry para absorver o vereador Sarneysista no grupo Dinista), talvez não tenha nada a influenciar o silêncio inexplicável do nobre deputado. A história do Flor pode render uma boa pauta a este blog. O mais provável pode ser explicado no fato de o parlamentar ter conseguido forças politicamente para manter seu primo Gerardo Fernandes no comando do DENIT, que é responsável pela referida obra de duplicação.
Como se sabe Gerardo Fernandes que comanda o órgão há uma eternidade, perdeu a superintendência para Maurício Itapary em dezembro de 2015, sendo reconduzido ao posto em maio de 2016, depois de uma jogada de mestre do primo deputado que envolveu o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff. É que Pedro Fernandes (PTB) foi retaliado por Dilma quando declarou apoio ao seu impedimento, perdendo o referido cargo para o deputado (e amigo de grupo) Hildo Rocha (PMDB), mas que foi recurado depois de ter votado a favor de Dilma. Resultado: tiraram Itapary e voltaram Gerardo ao comando do Dnit, e sua permanência se solidificou com a chegada de Michel Temer à Presidência da República.
E lembram do acidente que matou as oito pessoas, que dissemos não ter comovido o parlamentar, ao menos a se manifestar na mídia sobre o assunto?
Coincidentemente a tragédia ocorreu no momento dessa transição do retorno de Gerardo ao órgão.
Ou seja, o silêncio de Pedro Fernandes até os dias atuais pode dever-se ao fato de hoje o mesmo estar presos nas garras ferozes de Temer em troca da permanência do primo engenheiro no cargo, o que também deve render vantagens ao parlamentar. Assim, não pode estrebuchar, somente ler a cartilha de Michel.
Com seu comportamento estranho, na Câmara Pedro tem votando sistematicamente favorável a todo lixo que Temer coloca em pauta na Casa, com suas tais medidas impopulares. Foi assim, por exemplo, com a PEC do Teto, que congela os gastos públicos por 20 anos e vai trazer sérios prejuízos a todos os setores sociais do país, como Educação e Saúde; A PEC da Terceirização que precariza o setor do trabalho e tira direitos dos trabalhadores; a MP do Ensino Médio que e tem sido muito criticada por setores ligados a educação no país, e certamente, que venha a Fernandes, Reforma da Previdência, Reforma Trabalhista etc que estará lá apto a dizer sim a seu patrão, que no caso não é o seu eleitor, como costumam dizer.
E quanto a BR 135?
O projeto da elevatória de Bacabeira, por exemplo, aos poucos vai se transformando em um grande elefante branco. E a estrada vai continuar matando até inocentes por conta da irresponsabilidade daqueles que se alimentam, seja politicamente ou com os recursos federais destinados a obra, dinheiro que pode estar saindo pelo ladrão, pois pelo que se ver, não está sendo aplicados corretamente na sua finalidade que é recuperar urgentemente e de forma decente o único acesso terrestre de São Luís ao continente, e que beneficia milhares e milhares de maranhenses e brasileiros.
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