NA CONTRAMÃO DO "ESCOLA DINGNA": PROFESSORES DENUNCIAM ABANDONO DE OBRA DO BACELAR PORTELA. PRÉDIO É DOMINADO POR BANDIDOS E A INSTITUIÇÃO FALIDA

Professores do Centro de Ensino Bacelar Portela, da rede estadual de Educação, denunciam que a instituição está mais uma vez abandonada pelo governo. O prédio que está fechado para reforma e deveria ser entregue, recuperado no mês de novembro do ano passado, simplesmente está com as obras paradas e entregue à bandidagem que saqueia tudo. Onde as aulas são realizadas, os educadores dizem que trabalham em situação precárias e os alunos sem as mínimas condições favoráveis ao aprendizado necessário.

De acordo com as informações encaminhadas a este blog por um professor representando demais profissionais da instituição, que preferiu o anonimato por medo de represália, o governo prometeu entregar a escola em plenas condições de funcionamento no mês de novembro do ano passado, o que não aconteceu, e pior é que não há sequer previsão para que isso ocorra. Ao contrário, o prédio está cada vez mais sucateado, sem segurança, e bandidos estão levando equipamentos e o resto das coisas que lá existem.

"Era pra ter sido entregue em novembro do ano passado, mas o que temos hoje é uma escola mais sucateada. Já levaram ventilador, ar condicionado, câmeras, portas... e o governo arrotando na TV que está reformando. Lá tá parado e nem vigilância tem. Por isso qualquer um pode entrar e levar o que tiver por lá de valor", relata o denunciante, que decidiu pedir ajuda a este blog no dia em que marginais tinham levado até os materiais da cantina. "Hoje, a moça da cantina chegou aos prantos aqui, porque o material que ela guardava lá levaram tudo".

Sobre o atual prédio que abriga o Bacelar Portela neste período (na antiga Escola Militar, ao lado do Detran-MA), mais denúncia: os professores dizem que lá as condições são as mais precárias possíveis e eles trabalham no improviso, comprometendo o aprendizado dos alunos.

"Lá está sem água, sem lanche, sem pincel, sem professor... Estamos nessa escola desde abril desse ano, quando iniciaram as aulas. Temos que dar um jeito em tudo, já esteve bem pior, é verdade. O diretor conseguiu colocar ventilador em algumas salas e ar condicionado em outras, mas a Secretaria (SEDUC) tem que dar jeito em professor. Só agora mandaram um de matemática que não tinha desde o começo do ano. Mas ainda tem várias carências de professor", revela.

O educador acrescenta que os alunos são os mais prejudicados, pois além da falta de algumas disciplinas e espaço físico condizente às necessidades básicas, eles que deveriam dobrar o turno, não o fazem, por falta da alimentação que deveria ser oferecido na escola. Ainda segundo o professor, nem merenda estava sendo servido, o que passou a acontecer de uns dias pra cá, quando está sendo servido aos estudantes: suco com biscoito, diariamente.

Em fevereiro de 2015, o Governo do Estado anunciou a reforma do Bacelar Portela, uma das tantas escolas abandonadas há décadas pelos governos anteriores que seriam beneficiadas pelo "Escola Digna", programa implantado pelo governador Flávio Dino, que visa melhorar a qualidade do ensino na rede pública estadual. Na oportunidade foi lembrado o relato de professores que já denunciavam o abandono da instituição, que não passava por reforma há 20 anos e apresentava problemas de toda ordem. Foi então prometido uma obra emergencial de revitalização do prédio para evitar prejuízos aos alunos. Mas na contramão, o Bacelar Porta continua jogado ao caos e o descaso parece tê-lo abraçado definitivamente, causando danos irreparáveis aos seus estudantes que sonham com uma formação técnica que corresponda ao mercado de trabalho.

Espera-se que esta gestão (que tem apresentado boas propostas para o soerguimento da educação dos maranhenses) consiga resgatar e devolver, o mais breve possível, a estima desta escola que já formou tantos profissionais para o mercado no Maranhão e além-fronteiras, mas ao longo do tempo foi atacada por medidas inconsequentes de gestores irresponsáveis com a educação, que a fizeram esquecida e lhe tiraram o brilho de referência em ensino técnico no nosso Estado.