Este é o lugar onde muitas mães da Cidade Operária e bairros adjacentes um dia sonharam colocar seus filhos pequenos em contato com a educação inicial, ingressando-os logo em uma educação de qualidade, enquanto teriam tempo para trabalhar e garantir o sustento de casa.
Ao menos era isso que garantia o prefeito da capital Edivaldo Holanda Jr e o secretário de educação, Geraldo Castro no dia 08 de fevereiro de 2014, quando juntamente com os demais secretários e vereadores da cidade, lançaram em cerimônia pública com a presença de toda a imprensa local, a pedra fundamental para a construção daquela que seria a primeira das 25 creches, que também seria o cumprimento de promessa de campanha do prefeito.
Na oportunidade, em minha reportagem para o rádio, perguntei ao prefeito sobre a data de entrega da obra e ele me me respondeu que seria ainda naquele mesmo ano; no máximo até o final de 2014, esse espaço se transformaria numa creche modelo para a capital, com investimentos garantidos pelo programa federal Brasil Carinhoso. A estrutura era anunciada como o pontapé inicial para as demais creches que viriam a ser construídas, equipadas e entregues até o final do seu governo, o que segundo a prefeitura representaria um imenso alcance social e um ganho expressivo para o desenvolvimento das crianças das classes menos favorecidas da nossa cidade.
A creche que atenderia 120 crianças por turno, teria um custo estimado de R$ 1.330.000,00, com área de 1.211,92 m², contaria com estacionamento, hall, recepção, almoxarifado, sala de professores, diretoria, secretaria, 08 salas de aulas, fraldários, lactário, salas de repouso, salas para alimentação, sala multiuso, lavanderia, rouparia copa, cozinha, despensa, vestiários, banheiros para crianças, sanitários para adultos e para pessoas com deficiência, além de área externa de serviços, varanda, solarium, jardim, parquinho e pátios coberto e descoberto.
No dia do lançamento da pedra fundamental da creche, o prefeito também afirmou em seu discurso que os recursos (dinheiro) oriundos do governo federal para a obra já estavam nos cofres do município. E a afirmativa era que em pouco tempo as mães daquela região teriam um lugar digno para acolher seus filhos em seus primeiros passos na educação.
Mas dois anos depois dos discursos e afirmações, quem passa pelo local ver que nada foi cumprido. Lamentavelmente o espaço é um campo aberto que serve apenas como depósito de lixo, onde os abutres rasgam as carniças que ali são jogadas, onde o cartão de visita são os vôos rasantes dos pássaros pretos sobre restos de animais mortos e o amontoado de entulho.
Da pedra fundamental que em 2014 dava ares de esperança às crianças daquelas comunidades carentes, resta apenas os traços do abandono, até as informações descritas já estão ilegíveis. E mesmo marcada por atos de vandalismo, continua de pé, como se ainda esperasse por um milagre.
Hoje, invés de crianças em tendo seus primeiros contatos com a educação numa estrutura digna como foi ilusoriamente prometida pela administração municipal, urubus é que fazem a festa no espaço da creche. E o lugar que teria a marca de uma educação responsável, cedeu espaço ao lixo, ao descaso. Um verdadeiro retrato do desrespeito a infância e à cidadania.
Aliás, o Ministério Público do Maranhão, por meio das Promotorias de Educação de São Luís, instaurou Inquérito Civil para apurar o andamento da construção das 25 creches do programa Brasil Carinhoso na capital. Mas por enquanto, a quem passa pelo local, resta a certeza que a administração desta cidade não está tão preocupada assim com a educação de nossas crianças.
Com tanto descaso e o caos instalado no setor, frutos de uma política medíocre, pode-se concluir que a educação pública de São Luís está realmente um lixo. Entra prefeito, sai prefeito e continuam roubando a dignidade do povo e o futuro de nossas crianças.
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