De bico fechado há muito tempo, a presidente Dilma Rousseff resolveu quebrar o silêncio sobre as doações de campanha e contra-atacar o adversário Aécio Neves, como forma de se justificar. Sobre delator dono do dinheiro, preferiu ignorá-lo.
Em Nova York, onde tem encontros nestes dias com o poderoso chefão da Casa Branca, Dilma disse aos jornalistas, que a contribuição de R$ 7,5 milhões da empreiteira UTC para sua campanha foi registrada e realizada de maneira legal, muito embora contradiga a afirmação do dono da empresa, o delator.
"Eu não respeito delator. Até porque eu estive presa na ditadura e sei o que é que é. Tentaram me transformar em uma delatora", afirmou a presidente em suas primeiras declarações públicas desde a divulgação da delação premiada do dono da empresa, Ricardo Pessoa.
Entre os contra-ataques ao seu adversário, Dilma ressaltou que a empresa foi a mesma que também fez doações a Aécio Neves no segundo turno da eleição presidencial, em valores semelhantes aos recebidos por sua campanha. "Eu não aceito e jamais aceitarei que insinuem sobre mim ou a minha campanha qualquer irregularidade. Primeiro porque não houve. Segundo, se insinuam, alguns têm interesses políticos."
Apesar de critica delator, a presidente afirmou que a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal devem investigar as acusações. "Tudo, sem exceção", ressaltou.
Como ameaça ao delator, a presidente disse que tomará medidas contra Ricardo Pessoa caso ele faça acusações contra ela.
Quanto aos ministros mencionados na delação, Dilma afirmou que cabe a eles decidir o que fazer. Pessoa fez referência ao chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, e ao secretário de Comunicação Social, Edinho Silva, que foi Tesoureiro da campanha de Dilma à reeleição.
As declarações e apostura da presidenta, de querer a todo custo apontar o dedo ao Aécio, demonstram claramente que ela passa por momentos, no mínimo de preocupações, principalmente com essa acusação de Pessoa. É claro, que a atual situação política do Brasil, envolvendo o nome da chefe maior, é ainda o reflexo da revanche estabelecida pelo inconformado Aécio, que nunca engoliu a derrota na última eleição presidencial, e partiu pra cima de Dilma na ânsia de tomar-lhe o trono.
Conhecedor de muitos podres do poder, Aécio passou a cavar a cova de Dilma, e com o apoio da mídia burguesa tem contrariado a opinião pública e convencido cada vez mais as massas, de que a presidenta tem que se afastar do poder, ou na pior das hipóteses, colocar pregos bem pontiagudos no caminho de volta do Lula ao palácio do Planalto em 2018.
Mas o que me intriga é: Se a presidenta Dilma tinha certeza que doação foi legal, porque não se pronunciou a mais tempo? Era preciso mesmo deixar chegar a um estágio de tamanho desgaste com a sua credibilidade, que já vem duvidosa pelos brasileiros desde as denúncias do esquema do "Petrolão"?
E mais: embora incisiva em sua fala, a presidenta se mostrou muito insegura em sua defesa sobre o dinheiro doado, tanto que preferiu aponta ao Aécio, deixando um um tom de ameaça no ar, de quem conhece os podres do bom moço. E a mensagem ao Pessoa, soou na verdade como um alerta que também poderá jogar a meia no ventilador do senador mineiro.
Diante de tantas denúncias sem explicação convincente pelo planalto, a Dilma vai ter que matar vários leões por dia para reverter a situação e mudar a sua imagem que a cada dia fica mais desgastada aos olhos dos brasileiros, o que poderá resultar na queda definitiva do PT do poder.
Nenhum comentário:
Postar um comentário