sexta-feira, 21 de junho de 2019

QUEM SERÁ O PRÓXIMO A CAIR?


Nesta sexta-feira, 21 de junho o presidente Jair Bolsonaro anunciou o advogado e major da Polícia Militar Jorge Antonio de Oliveira Francisco como o novo titular da Secretaria-Geral da Presidência da República, no lugar de Floriano Peixoto Neto que, por sua vez, vai assumir a presidência dos Correios.

Assim, já chega a um total de 22 auxiliares de Bolsonaro, do primeiro e segundo escalões, demitidos no pouco mais de seis meses de seu governo, de acordo com levantamento de O Globo. Recente, em apenas quatro dias o presidente demitiu três, o que leva o seu governo a semelhanças muito próximas ao mercado de trabalho no Brasil após a nova lei trabalhista em vigor desde 2018, senão vejamos:

No dia 13 de junho o presidente demitiu dessa mesma Secretaria Geral da Presidência o General Santos Cruz (que transparecia uma reserva moral do governo) por causa das divergências com o filho, Carlos Bolsonaro, no controle da pasta; no dia seguinte exonerou outro General, Juarez Cunha, da presidência dos Correios, e no dia 16, domingo, caiu Joaquim Levi, da presidência do BNDS. Destes, o mais intrigante foi o caso de Juarez Cunha, que Bolsonaro demitiu, alegando que este teria se comportado como sindicalista, por ter se manifestado contra a privatização da estatal que comandava, mas feriu mesmo o ego do Capitão foi ver o seu subordinado em fotos com deputados petistas na Câmara.

Segundo O Globo, só no segundo escalão já havia 18 demissões contabilizadas, levando em conta os nomeados por Bolsonaro, ou aqueles que tiveram aval do presidente na sua indicação no final do governo Michel Temer. A maior quantidade de substituições (10) ocorreu no Ministério da Educação (MEC), que já teve também troca do titular.

Mas a primeira queda foi de Gustavo Bebianno, da dita Secretaria-Geral da Presidência, demitido em 04 de fevereiro a pedido do filho de Bolsonaro, o vereador do Rio, Carlos Bolsonaro. Pelo visto Bebiano, deve ter recebido alguma espécie de "cala-boca", mediante ao silêncio pós-exoneração, pois ameaçava que se caísse, daria com a língua no dente sobre os podres que sabia no caso que ficou conhecido como "laranjada do PSL", partido do presidente.


Em 08 de abril rolava a segunda cabeça no alto escalão. O colombiano (digamos, meio trapalhão) Ricardo Vélez Rodríguez  (o mesmo que ordenava aos alunos cantarem o hino nacional e mandar o vídeo a eles) é demitido do Ministério da Educação, após uma sequência de entreveros internos e paralisia do órgão. Antes de cair, Vélez Rodríguez exonerou seu próprio secretário-executivo, Luiz Tozi, que foi substituído pelo militar Ricardo Machado Vieira, que saiu com a chegada do atual ministro, Abraham Weintraub. Weintraub, que ao assumir a pasta exonerou cinco secretários setoriais indicados por Vélez.

Entre outras baixas, só o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), vinculado ao MEC, já está no seu terceiro presidente. O primeiro, Marcus Vinicius Rodrigues, foi demitido por Vélez após suspender a avaliação da alfabetização este ano; Elmer Vicenzi, que assumiu após o cargo ficar um mês vago, e foi demitido já na gestão de Weintraub, passando menos de 20 dias, quando foi substituído pelo atual chefe, Alexandre Lopes.

Na Agência de Promoção das Exportações (Apex), do Ministério de Relações Exteriores, já ocorreram duas demissões de presidente. Há ainda registros de demissões em cargos de segundo escalão em mais cinco ministérios: Direitos Humanos, Secretaria de Governo, Cidadania e Turismo. Na Casa Civil, recentemente, o ministro Onyx Lorenzoni exonerou um ex-deputado que cuidava da articulação política.

E há instabilidade nas três principais pastas do governo. Tem estado no olho do furacão, o ministro da Justiça Sérgio Mouro, por conta das denúncias sobre as mensagens vazadas pelo site Intercept Brasil, que comprometem sua credibilidade e sua permanência no governo.

No Ministério da Economia, Paulo Guedes já arruma as malas, e ameaça dar o fora, caso a sua combalida e perversa Reforma Previdência não passe no Congresso.

Problemas também na Casa Civil de Onyx Lorenzoni (aquele que pecou, e por ter assumido o pecado, classificado pelo governo como "pecadinho", recebeu o perdão devido da Justiça de Mouro). Por incompetência em suas conversas com o congresso, Ônix perdeu a articulação política para o recém-chegado Luiz Eduardo Ramos, general da ativa nomeado para a conturbada Secretaria Geral da Presidência.


Com tanta demissão em pouco tempo no governo Bolsonaro, e perspectivas nada animadoras para o futuro, parece até que o Capitão tem se inspirado na nova Lei Trabalhista do Brasil, que na flexibilização da relação de trabalho, faz do trabalhador um "lixo" para o patrão. O empregador bota e tira quem quiser, a hora que bem entender, até independentemente se o empregado é produtivo ou não para a sua empresa, dentro de sua visão e interesses pessoais, que nem sempre são os do mercado.

Bolsonaro tem se predisposto a demitir, e pelo visto não está preocupado se o subordinado tem propostas ou não para o País, basta divergir de suas posições ideológicas ou contrariar os filhos, especialmente o vereador carioca. Quer dizer, quem não lê na "cartilhinha" do presidente, e principalmente, se contraria os "mimos" dos seus filhos (de condutas duvidosas), é rua na certa. Ministérios instáveis, o governo fraco, até seu final, poderá colher apenas os frutos da cólera que tem plantado.

Com a turbulência constante no governo bolsonarista, e a batata fritando pra todo lado, a pergunta que não quer calar é: quem será o próximo a cair?

Façam suas apostas!


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