sábado, 24 de fevereiro de 2018

DO AMAPÁ PARA MARANHÃO: O BOÊMIO VOLTOU NOVAMENTE. VAI SE DAR BEM NO XAVECO?

"Ele voltou, o boêmio voltou novamente", cantaria Nelson Gonçalves anunciando o retorno de Sarney às urnas maranhenses. Quase três décadas depois de ter trocado o Maranhão pelo Amapá (Estado este que fundou e se apossou), o ex-presidente e ex-senador José Sarney (MDB) decide retornar seu domicílio eleitoral a São Luís. Dizem que os amapaenses também já estavam saturados. E agora com o título na mão, o dono no mar, que chega cheio de "boas intenções", acampa na porta do saudoso aconchego parodiando "O Portão", de Roberto Carlos: "Eu cheguei em frente ao portão, vi o meu leão pra mim rugindo... Rárárá

E um ouvinte do meu programa de rádio (Conexão 560 - Educadora AM) me perguntou o porque de sua volta? E outro, se eu não achava que o velho Sarney era mais temeroso que a filha Roseana para Flávio Dino (PCdoB) na disputa pelo governo do Estado?

Bom, como todos sabem, Sarney volta a ser eleitor na terra das palmeiras onde canta o sabiá para aventurar, ou melhor para dar um duro danado, visando retomar o controle das finanças do Estado para a família, o que lhe parece um tanto difícil e preocupante. Preocupação que virou pavor e desespero quando se deparou com o péssimo desempenho da filha Roseana, que parece ter pisado numa cabeça de burro e não mais decolou em popularidade. 

Sem credibilidade, hoje a Branca está acuada politicamente. É que o povo parece não ter  esquecido das mentiras dos seus governos, sendo a principal, a tal refinaria e siderúrgica de Bacabeira, que  virou terror na vida de muita genteE não tem surtido efeito as estratégias de marketing de tirar o sobrenome da família, assinando só Roseana; ir a supermercados; fazer videozinhos pras redes sociais, tocando violão, cantando etc,  nem mesmo as pesquisas da Escutec, tudo tem acabado em piada e vexame. Na realidade ela tem contado apenas com alguns setores solidários que ainda soltam um tímido: "volta Roseana". A mentira também tem seu preço, né galera?


Vendo o fracasso da filha, e seus aliados pulando todo dia para o colo de Flávio Dino, a exemplo dos ex-fiéis escudeiros, Pedro Fernandes (PTB) e Gastão Vieira, o velho Zé se obrigou a voltar à terrinha onde nasceu (pra felicidade geral dos amapaenses que não param de tocar foguetes) pra tentar sua última cartada, levantar o moral da filha, ou se isso não ocorrer, ele próprio se lançar candidato ao governo do Estado. 


Seria esta a solução? Na cabeça do pai sim. Ele ainda aposta que até as eleições consegue algo novo que supere a enganação de Bacabeira. O maquiavélico sabe também que ainda tem muita influência e capacidade até mesmo de levar uma eleição por aqui, mesmo depois de ter abandonado o Estado que lhe projetou a ser um dos homem mais influentes na política brasileira. Ele tem razão. Lhe favorecerá, por exemplo, fragilidades pontuais no governo comunista, que tem dado muita cabeçada, que o diga as áreas da educação e saúde, onde as belas propagandas parece muitas vezes não condizem com a realidade do propagado.

Sarney é mais forte que Roseana pra enfrentar Dino? Eu diria que pai e filha são fiel da balança. É fato que o Sarney sabe como poucos manipular a opinião pública e conta com um poderoso aparato para isso, mas hoje talvez seja mais fácil derrubá-lo do galho que está pendurado do que se possa imaginar. Os discursos e suas astúcias para conquistar o eleitorado já viraram clichês e podem ser facilmente aniquilados por um bom articulista.

Todo mundo sabe que é estratégia do Sarney apelar para sentimentalismo, gerando fortes emoções no eleitor. Assim, vai rodar o Maranhão de cabo a rabo, beijando cada chão onde chegar, se preciso for, com os pés descalços pisando na areia, na lama; vai lá no quintal do "cumpade", sentar naquele banquinho velho, prosear com a "cumade", comer peixe assado com farinha; colocar a criancinha suja e lambuda no colo, isso durante o dia porque à noite tem tambor no Bita. E se nada disso lhe render o esperado, apelará pra uma dor, nem que seja no coração pra transforá-la num poema. Ou que tal uma internaçãozinha? Ele gosta disso. Internado, o esperto Sarney só sairá do leito depois do resultado das urnas. Se vitória, direto para o palanque pra comemorar. Se derrota ao calvário do vexame ou ao  cemitério.


Aliás, implantaram a tese que Sarney é o cara mais inteligente da política brasileira. Mas contrariando até o meu saudoso pai, cheguei a conclusão que isso é outro equívoco. O Sarney só é o mais inteligente porque há quem se subestime. Se fosse esse suprassumo da inteligência, como falam por ai, não já tinha sido presidente outra vez (com voto direto, claro), ao invés de apenas se sustentar com suas artimanhas camaleônicas, que o tornam  eterno amigo do poder, visando suprir seus interesses pessoais e políticos? 

Enfim, de volta, resta saber se o habilidoso boêmio se dará bem no xaveco ao novo eleitor do MaranhãoO desafio está lançado. A lavanderia está nos últimos ajustes. E se Flávio Dino, que começou a vida política agora já tem tanto pano sujo pra ser lavado na campanha eleitoral, imagina o Sarney que se perpetua nela há quase um século! 

A eleição de 2018 será de estratégia e um tira-teima sobre a questionável inteligência do velho oligarca.   


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