sexta-feira, 10 de abril de 2020

DUELO DE POPULARIDADES: MORO NADA, SURFANDO NA ONDA DO CORONAVÍRUS MANDETTA É O CARA


As ameaças do presidente Jair Bolsonaro em demitir o Ministro da Saúde por declarações conflituosas em meio a pandemia do novo coronavírus tem estabelecido uma nova crise seu governo, mas fortalecido politicamente o nome de Luiz Henrique Mandetta a uma projeção nacional. E se no início da era Bolsonaro a cereja do bolo era o ministro da Justiça, o severo juiz da Operação Lava Jato Sério Moro, hoje o médico é quem dá o tom da festa, tornando-se um fenômeno em popularidade.


O médico ortopedista Luiz Henrique Mandeta não disputou eleição em 2018 para o seu terceiro mandato consecutivo de deputado federal pelo seu estado Mato Grosso do Sul, possivelmente por ter pesado contra ele uma investigação por fraude em licitação, tráfico de influência e caixa dois num suposto esquema de desvio de dinheiro na implementação de um sistema de prontuário eletrônico quando foi secretário de Saúde de Campo Grande, entre 2006 e 2010. O serviço foi pago, mas nunca funcionou. Chamado por Bolsonaro para comandar o segundo maior orçamento federal, Mandetta ganhou expressiva notoriedade por sua atuação no combate à pandemia da COVID-19, mais especialmente por seu posicionamento ético que contraria o presidente da República, e em tese beneficia a população. Ele defende o isolamento social para o controle da doença, enquanto o chefe o relaxamento da medida inspirada nas orientações da Organização Mundial da Saúde [OMS], que originou o famoso apelo: FIQUE EM CASA. Ideologicamente o primeiro defende a vida, o segundo o capital.

O ministro da saúde tem sido aplaudido por servidores da saúde, sociedade civil, políticos, inclusive os opositores do governo, e isso tem causado uma ciumeira entre os aliados e irritado Bolsonaro, que em vários momentos, blefando ou não, vem ameaçando a permanência de Mandetta no cargo.

Bom, o carrasco do PT, o juiz Sério Moro, que dizem trabalhou para derrubar Lula e sua trupe do cavalo, o que teria favorecido a eleição do Capitão, que em gratidão teria lhe presenteado com o Ministério da Justiça, viu sua credibilidade desabar após os vazamentos de áudios que colocaram uma pá de cal em seus projetos políticos. No jogo do poder, Moro, que inicialmente chegou a ser cogitado como sucessor de Bolsonaro após o segundo mandato deste, acabou ficando apenas para cobrar escanteios que mal chegam no goleiro, e visivelmente acometido pela síndrome da subserviência tem mais parecido uma figura decorativa no palácio do Planalto. Com o futuro incerto até dentro do governo, chegam a cogitar a possibilidade dele vir a se contentar com uma cadeira no STF.

No mesmo cenário Mandetta, um desconhecido que só se ouviu falar quando confirmado para o ministério da Saúde, e com isso as vieram também as denúncias de improbidade, tem tido o nome idolatrado desde que vestiu a camisa do SUS e, peitando o próprio patrão ao acatar a orientação da OMS, passou a pedir o isolamento social como forma de conter o avanço do coronavírus no país, enquanto Bolsonaro defende que a população saia de casa para que a economia volte a girar. O presidente tem ido a rua, feito corpo a corpo com simpatizantes, numa tentativa de se popularizar e mostrar que a doença que vem mexendo com a cabeça de todo o mundo não passa de uma "gripizinha", mas sem o apoio do ministro, e isso tem gerado um fogo cruzado entre os dois.

Atitudes como esta, no momento em que a população vive aterrorizada pela possibilidade de ser a próxima vítima da doença tem levado a opinião pública a consagrar Mandetta numa espécie de "santo", e consequentemente lhe projetado a voos mais altos na política. E assim, mesmo que perca o Ministério da Saúde possivelmente já terá nas mãos a prefeitura de Campo Grande, que se explorá-la bem, com uma administração proba e exemplar para o Brasil, lhe servirá de vitrine e um degrau até para chegar ao Palácio do Planalto em 2022.

Sérgio Moro que chegou a sonhar em suceder Bolsonaro pela unanimidade que vinha mantendo até os vazamentos de áudios que os deixaram com as calças no joelho, terá que rebolar para reconquistar a voz das ruas, hoje um tanto desconfiada sobre sua real atuação na Lava Jato. Mas esperto mesmo está sendo o Mandetta, que surfando na onda do novo coronavírus e se saindo como bom moço nessa trama de muitos vilões e apenas uma vítima [o povo] vai comendo pelas beiradas, e se deixá-lo à vontade, poderá devorar o prato todo e ainda tomar posse da mesa.

Moro nada, no duelo de popularidades, neste momento Mandetta é o cara.

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