O atendimento bancário no Maranhão neste período pandêmico da doença covid 19 tem sido desumano e humilhante. Um exemplo dessa crueldade é constatado no Itaú em São Luís, onde diariamente usuários se submetem a situações absurdas, como passar mais de 2 horas numa fila, exposto ao sol e chuva, seja para pagar um boleto ou resolver um problema burocrático na instrução financeira. Na quarta-feira [15/7] o editor do blog do Adilson Carlos viveu o drama que cidadãos ludovicense tem sofrido para realizar algum procedimento na agência da rua Grande, Centro da capital, nesta época de restrições e cumprimentos de protocolos sanitários como medidas preventiva ao novo coronavírus. Além da minha vivência com a dura realidade, ouvimos relatos de pessoas revoltadas com os abusos a que são submetidas, que pode reduzir os riscos de contaminação, da mesma forma que facilitar o contato com o vírus, e outras doenças.
O atendimento pode ser dividido em três momentos: exposição ao sol ou a chuva por cerca de uma hora e meia [no mínimo], aglomeração na porta e a espera no interior da agência.
Na chegada ao banco às 9:56 da manhã, do lado de fora, recebemos a senha de número 27, para um atendimento agendado no horário das 10:00 às 11:00. A fila chega a cerca de 40 metros, e os clientes expostos a um sol de escaldar, se emaranham com os vendedores ambulantes na calçada e com transeuntes que passam na rua. Cada um se distrai como dá, uns com o celular, outros puxam conversa para passar o tempo, e o assunto principal, claro, é a insatisfação com o atendimento.
"Isso aqui é uma humilhação, ficar nesse sol, ninguém merece... e ninguém toma as providências, não tem fiscalização... [os órgãos responsáveis] não fiscalizam este desrespeito, não cobram nada desses bancos... e a gente ficar aqui nesta humilhação, isso aqui é uma perversidade", chama a atenção um cliente, se dirigindo ao editor do blog e aos demais próximos.
Outro cidadão critica o fato de o Itaú, em plena pandemia, em vez de ampliar o atendimento ao público, demite funcionários e fecha agências. No centro eram três, mas duas delas fecharam as portas.
"Tinham dois bancos aqui na rua grande e tinha mais o outro ali da rua da paz, mas os dois fecharam nessa pandemia, só ficou esse aqui [da rua Grande], e todo mundo é obrigado a vim pra cá, pra ficar desse jeito, pegando sol, pegando chuva... Parece até brincadeira com os clientes, porque agora que ta precisando de mais agências, eles demitem funcionários, fecham agências, [os bancos] só pensam nos lucros...".
Outros criticam os protocolos sanitários e acham que as medidas do governo que limitam o acesso ao interior dos bancos podem até estimular novos casos da doença.
“Eles falam que isso é pra não se espalhar coronavírus, mas desse jeito é que se pega mesmo, porque a gente fica nesse sol, depois entra pro ar-condicionado, não vai sofrer um choque térmico? Aí pega uma virose, e ainda vão dizer que é coronavírus... dizem que não é pra fazer tumulto, lá na frente fica o amontoado de gente, então não vai todo mundo pegar coronavírus?”, raciocina uma senhora.
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Senha recebida com horário agendado entre 10:00 a 11:00 |
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Clientes ao sol escaldante |
O tempo passa, a fila não anda, e as reclamações não param. Na frente do banco, de um lado é a geral, do outro preferencial, e a entrada é limitada a 10 pessoas de cada vez, sendo cinco de cada lado, que só adentram após a saída dos 10 que estão no interior da agência. Quem não suporta o sol queimando a cara entre a máscara, vai para o outro lado da rua, onde encontra um pouco de sombra enquanto a posição do sol é favorável, e os toldos de lojas também. A humilhação é completa quando chove.
"Quando chove é que pior. Outro dia, tava uma fila enorme e começou a chover, e aí todo mundo saiu correndo, entrando nas lojas pra se abrigar, só que o pessoal de lá [funcionários] começou a expulsar a gente, tipo como se expulsa um cachorro, aquilo foi muito humilhante", relata um homem.
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Para fugir do sol causticante muitos clientes ficam aglomerados do outro da rua em frente ao banco, junto com os ambulantes e em meio aos transeuntes, aguardando a vez |
Com o quadro de pessoal reduzido, o Itaú, adverte em seu mural estar cumprindo determinação do governo do Estado, que limita em 10 o número de pessoas dentro do banco.
Se a preocupação é aglomerar dentro da agência, do lado de fora as aglomerações são inevitáveis. O descontrole também. A todo momento que o controlador de senhas distribui os papeis, todos correm pra cima, e formam muvuca na parte anterior a porta giratória.
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Aglomeração na porta do banco, do lado de fora |
11:35 o fiscal de fila autoriza a subida de que quem ainda tem senhas das 10:00 às 11:00, e manda formar uma fila numa rampa de acesso a cadeirantes, anterior a porta giratória. Fadigados, cabeça quente, estressados, insatisfeitos, revoltados. Todos estão à flor da pele e as reclamações não param, especialmente os mais idosos, que a essa altura do campeonato já não aguentam mais nem ficar em pé.
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Aglomeração na rampa de acesso a cadeirantes |
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Mais aglomeração na entrada, antes da porta giratória: de um lado, do outro e no centro |
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Senha que marca a entrada neste verdadeiro calvário a que o cidadão se obriga a submeter-se diariamente. |
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