domingo, 28 de agosto de 2016

DENÚNCIA! LEI DA FICHA LIMPA QUE NADA: COMPRA DE VOTOS AGORA É DENTRO DA PREFEITURA. ENTENDA COMO FUNCIONA O ESQUEMA E SUAS CONSEQUÊNCIAS

Enquanto a lei da Ficha Limpa tenta acabar com a prática da compra de votos por candidatos, no país da corrupção e da impunidade, prefeitos e políticos com mandatos ou com prestígios nos executivos dão seus jeitinhos para driblá-la, usando a máquina pública. Sem fiscalização atuante, eles superlotam as secretarias fantasmas em troca do sim nas urnas para garantir suas permanências no poder, sem ser preciso fazer nada em benefícios a cidade e do povo.

Se no geral ela ficou bem menor e mais discretas, dentro das prefeituras a compra de votos é escandalosa. A nova estratégia é dar um carguinho ao eleitor dentro da prefeitura, com o aval do prefeito ou de seus asseclas. Foi o que me explicou um informante que vou chamá-lo de Super X, que trabalha para uma prefeitura da Grande São Luís, no setor de pagamentos. Segundo Super X, o esquema aconteceria mais ou menos assim:

Lideranças de comunidades são chamadas pela prefeitura e se comprometem em conseguir o maior número possível de votos nas suas respectivas áreas. Para a missão, ganham uma espécie de assessoria especial em cargo comissionado. Por sua vez, para conquistar esses votos dentro da sua comunidade, cada um deles indicariam cabeças de famílias que receberiam o equivalente a um salário mínimo em comissão ou prestação de serviço. Pela lógica da prefeitura, cada pessoa dessas que ganhou um cargo, vai multiplicar o voto entre os familiares. Famílias mais numerosas poderão ter direito a mais elementos na "folha santa".

Eles são lotados nas principais secretarias, como Saúde, Educação, Trânsito e Transporte, Obras e Serviços Públicos, que os maiores orçamentos e normalmente recebe verbas federais, tendo assim mais flexibilidade no trabalho de distribuição do dinheiro público a tal fim.

Com a folha inchada, o dinheiro que atenderia projetos específicos, é desviado de suas reais finalidades para garantir salários aos fantasmas. Assim, as Secretarias ficam engessadas, e no geral, a prefeitura deixa de cumprir suas obrigações, que vão desde benefícios para a cidade, atualizações de salários de categorias trabalhadoras até pagamentos de fornecedores.

De acordo com Super X, além do prefeito, vereadores que gozam de prestígios no executivo municipal ou mesmo secretários e tecnocratas de pastas, agem no esquema. O voto é casado, beneficiando o vereador ou articulador (que pode ser um candidato) e também o prefeito.

Quanto aos fornecedores, as empresas prestadoras de serviços, normalmente ficam amarradas para receber o montante posteriormente, o que resulta num clamor de miséria do pessoal do serviço prestado que é obrigado a trabalhar sem ver a cor do dinheiro.

E assim alimentam uma corrente de fantasmas, que recebem salários sem fazer absolutamente nada, nem sequer colocar os pés no ponto do trabalho. É só pra votar. Pela regra esse benefício dura apenas no período eleitoral, quando os "peixes são pescados", sendo que logo depois das eleições, são "descartados da rede", quer dizer, saem da folha santa da prefeitura. Julho foi o mês da pescaria gorda, quando as folhas incharam desproporcionalmente.

Eu perguntei: e não existe fiscalização? –Quem fiscaliza isso? Me respondeu Super X, afirmando, que quando por acaso isso ocorre, é muito fácil justificar: -É só dizer que ele (o fantasma) presta um determinado serviço para a pasta que facilmente convence o fiscal.

Super X também me garantiu essa prática é antiga, mas se intensificou desde que a lei da Ficha Limpa entrou em vigor, proibindo a negociação de voto com dinheiro, direto. “Nesse período é suspenso pagamento de muita coisa, como contratos, prestadores de serviços porque o dinheiro agora é só pra campanha... É por isso que quando chega um novo prefeito, a prefeitura ta sempre quebrada”, revela Super X.

Agora é fácil entender o porquê das injustiças praticadas pelos Senhores prefeitos, que insensíveis, desrespeitam a todos e iludem com vãs filosofias. Porque, por exemplo, a educação, o maior patrimônio do cidadão é capenga: professores aí cobrando pela atualização de seus salários e condições dignas de trabalho, mas tem como resposta a retaliação nojenta, escolas em condições precárias, crianças sem aula, sem merenda escolar ou comendo porcarias que dizem ser de qualidade;

Porque as filas de doentes aumentando nas centrais de marcação, nos corredores dos hospitais públicos, e para se conseguir uma consulta tem que pedir a Deus para não morrer antes;

Porque os buracos e sujeira tomam conta das cidades;

Porque das injustiças sociais.

É porque o dinheiro que deveria ser aplicado no seu devido lugar, simplesmente é desviado numa jogada ardilosa e criminosa, como é o caso de seu uso na compra de votos, o que penaliza o cidadão no desrespeito aos seus direitos.

Agora fica mais fácil de entender porque prefeitos, que não fazem nada durante todo o mandato, ficam ai cantando de galo que vão se reeleger contra tudo e contra todos. É que eles acreditam no poder da máquina. Eles acreditam na impunidade e que vale apena alimentar a corrupção.

Quanto à prática da compra de votos, sempre haverá um jeitinho e corruptos suficiente para sua manutenção ativa e eficaz, e a cada tentativa de extingui-la, ela apenas se adequará a uma nova realidade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário