domingo, 3 de julho de 2016

QUANTOS MAIS TERÃO QUE MORRER NA BR 135 DIANTE DA OMISSÃO DO DENIT E DO SILÊNCIO DAS AUTORIDADES? MANIFESTAÇÕES SÓ A CADA NOVA TRAGÉDIA, ATÉ PASSAR A CRISE

Eu constantemente tenho questionado no meu programa de rádio (Conexão 560, na Educadora AM, das 15h30 às 17h): quantos mais terão que morrer na BR 135 por conta da omissão do DENIT e do silêncio das autoridades com relação a obra de duplicação da rodovia que mais mata no Maranhão, que nunca acaba e torra um dinheiro que foge nosso controle? A pergunta que não tem tido resposta é a mesma que inquieta a todos os maranhenses que vivem o drama de trafegar diariamente pela rodovia da morte com medo de ser a próxima vítima. Agora mais uma tragédia, desta vez com oito mortos num só acidente, entre eles três crianças (duas delas de colo).

Na fatalidade deste domingo (03/07), uma caçamba de uma empresa que presta serviço a prefeitura de São Luís, transportando o lixo da capital para município de Rosário, invadiu a contramão e colidiu frontalmente com um veículo corsa que vinha do município de Humberto de Campos a São Luís com oito pessoas (dois homens, três mulheres e três crianças, duas delas de colo, segundo informação do corpo de Bombeiros). Todas morreram. Ainda de acordo com as informações, parte das vítimas era de uma mesma família e vinha a Capital para fazer tratamento de saúde.

Li nas redes sociais vários comentários atribuindo culpabilidade para este trágico acidente, como por exemplo, a condução das crianças sem os devidos equipamentos de segurança; a falta do uso do cinto de segurança; o excesso de passageiros no veículo e até a imprudência, que são fatores perfeitamente compreendidos neste contexto, mas também não podemos deixar de lado um grande e talvez, o maior dos culpados: o governo federal por meio do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DENIT) pela falta de respeito com os maranhenses diante da morosidade com que vem tocando a obra de duplicação desta rodovia tão importante no Estado, principalmente por se tratar do único acesso por via terrestre à capital, mas que oferece péssimas condições de trafegabilidade e riscos de acidentes, o que deveria ser minimizado se atendesse a normas de segurança.

O DENIT começou os trabalhos de duplicação da BR 135 em 2012, com a promessa que a concluiria em pouco menos de dois anos. A obra equivalente à primeira etapa ou lote I (como era denominado pelo órgão), que compreende de São Luís (Estiva) a Bacabeira, orçada em R$ 354,6 milhões, tinha previsão para ser concluída no prazo (reafirmado a época pelo diretor dor órgão Gerardo Fernandes a imprensa) de 720 dias, ou seja, cerca de um ano 11 meses s e alguns dias. E lá já se vão quatro anos e nada de finalização. Já foi alegado até que faltou de dinheiro, pasmem! Já pediram mais recursos, mas os andamentos para a conclusão parece mais difíceis que leite de onça. E tome dinheiro, que se for colocar na calculadora, pode dar até pra triplicar a essa rodovia.

Aliás, ao término do prazo estabelecido para a entrega que não aconteceu, a sociedade civil começou a cobrar explicação das autoridades. Nos programas comunitários de rádio, por exemplo, o assunto virou moda, com ouvintes questionando o porque da obra não ter sido entregue no prazo estabelecido.

No universo político, o assunto foi bastante explorado em 2014 por espertinhos que denominavam "defensores da BR 135", mas tudo não passou de mera promoção pessoal de período eleitoral. O assunto só ganhou força este ano com a morte da bailarina Ana Lúcia Duarte Silva, durante um assalto quando ela desviava dos buracos que tomaram conta da rodovia. Ai as vozes se levantaram. O próprio governador Flávio Dino e até entidades empresariais maranhenses passaram a pressionar o governo federal pela conclusão da obra, mas pouca coisa aconteceu de lá pra cá, apenas um paliativo com o famoso tapa-buracos realizado para amenizar a crise instalada a época, e ficou por ai. Quanto às cobranças, parece malhar em ferro frio e as vozes que a defendem, não tem passado de discursos evasivos com tom meramente político.

Enquanto isso, vidas (inclusive de inocentes) estão sendo ceifadas, como este mais novo fato trágico com oito pessoas que deixaram familiares sem seus entes. Lares sem pai, sem mãe, sem irmãos, sem irmãs, sem uma, duas, três crianças e toda a população chocada. Tudo pela omissão, descaso e irresponsabilidade daqueles que deveriam garantir as mínimas condições de infraestrutura para que o cidadão tenha o direito de ir e vir com segurança e tranquilidade nesta rodovia, que pela situação de abandono que vive, se tornou a rodovia da morte.

Aqui não queremos afirmar com propriedade profética que a duplicação da BR 135 será o fim dos acidentes e das tragédias no seu percurso, mas certamente será um fator de relevância para redução de registros desta natureza. E mais: foi feito um orçamento com o dinheiro público para esta finalidade, o que não tem tido o devido resultado.

O DENIT garantiu com todas as letras em 2012 que em 730 dias os maranhenses teriam a BR 135 recuperada e duplicada, o que não aconteceu até hoje. Orçamento para isso tinha. Só ninguém sabe onde foi parar. Sabe-se apenas que as obras pararam, e embora retomada de uns dias pra cá, anda a passos de cágado, e não querendo parafrasear o nome do anfíbio, pode-se dizer que a obra está uma porcaria.

Mais uma vez as vozes políticas se levantarão nas Casas Legislativas, no Maranhão e em Brasília. E em ano eleitoral, ainda vão aparecer caras de pau dizendo que tem a solução. Na verdade, o assunto continuará sendo lembrado neste momento, mas passada a crise, tudo vira carnaval e as vozes que falam pelo povo e em nome do povo se calarão novamente e só votarão a ecoar quando houver novas tragédias.

Quanto a nós, que estamos de fora do que pode rolar por trás dessa cortina de descaso, omissão, insensatez, só nos resta a inquietação e a pergunta que não quer calar: quantos mais terão que morrer em acidentes na BR 135 até (sabe-se lá) o DENIT concluir essa obra?

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