quarta-feira, 28 de abril de 2021

MAIS UMA VOZ DO RÁDIO É CALADA PELA COVID 19 EM SÃO LUÍS: CONHEÇA A HISTÓRIA DE CARLOS HENRIQUE, O "GALINHO" DA EDUCADORA, QUE DURANTE 55 ANOS ACORDOU O MARANHÃO


O Maranhão perdeu um de seus maiores comunicadores, faleceu na noite desta terça-feira [27/4] o radialista Carlos Henrique Mota Cavalcante, o Galinho, aos 78 anos de idade. O comunicador que marcou uma gerações e era um dos ícones da radiofonia do norte e nordeste do Brasil, estava internado em estado grave no Hospital do Servidor em São Luís.

Apresentador do Programa do Galinho, que ficou no ar por 55 anos [por último das 6h às 7 da manhã], irradiou seu último programa no dia 13 de Abril de 2021, uma terça-feira, quando se afastou por conta de uma forte gripe que o atacou. Diagnosticado com covid 19, foi internado no Hospital do Servidor, na Cidade Operária, onde foi intubado no dia 19, e indo à óbito por complicações da doença.  

Carlos Henrique se destacou pela potência da voz e pelo programa do Galinho, direcionado à comunidade do campo, uma das resenhas radiofônicas de maior longevidade no ar, de forma ininterrupta numa emissora de rádio no Brasil. 

Histórico do radialista

De acordo com relatos do próprio Carlos Henrique a este editor [que gozou de sua amizade], ele iniciou sua carreira no rádio em 1955, na antiga rádio Gurupi de São Luís, após diversas visitas que fazia por curiosidade, pois não tinha experiência, mas gostava de rádio. E como "penetra" [ele se classificava assim], acabou sendo convidado por um locutor da emissora chamado Valter Morales, fez um teste e passou a ler comercial e algumas notícias no ar, e pouco tempo depois, foi contratado como novo locutor da emissora.

Passou ainda pelas rádios Timbira e Difusora AM, e em 1966, quando a rádio Educadora entrava no ar, por inciativa da arquidiocese de São Luís, Carlos Henrique foi convidado a compor a equipe da emissora do clero, em sua fase experimental, e por lá ficou até o fim de sua vida, notabilizando-se com o Programa do Galinho, o mais popular e mais extenso do rádio maranhense. Aliás, por conta do nome  programa, ganhou o singelo apelido de "Galinho Maravilha", ou simplesmente "Galinho" como era popularmente chamado.

Ou seja, Carlos Henrique passou 55 anos no ar pelas ondas da 560 AM de São Luís, acordando o Maranhão, e acumulou 66 anos de atividade no rádio.

Na Educadora

Na rádio Educadora, o primeiro programa apresentado por Carlos Henrique se chamava "Sertão da Minha Terra", que entrava no ar às 4 horas da manhã. Com o passar do tempo, teve a ideia de mudar o nome, que passou a ser chamado "Programa do Galinho", uma referência ao cantar do galo, acordando as pessoas nas primeiras horas do dia. A resenha foi referência na radiofonia, servido como elo entre a cidade e o interior, que além do entretenimento, tinha notícias ao homem do campo e o tradicional aviso ao interior, e era ouvida também em diversas partes do Brasil, especialmente em estados do norte de nordeste alcançados pela ondas da emissora.

Na rádio da igreja católica, o apresentador também ancorou diversos programas jornalístico, como locutor noticiarista. O último deles foi o Jornal da Educadora, criado pelo jornalista José de Ribamar Gomes, o Gojoba,  que ia ao ar ao meio dia, em dupla com o radialista Airton Lima, outro locutor de voz potente.

E ainda fez algumas participações como cronista esportivo. Era torcedor do Sampaio e do Flamengo.

A convivência deste editor com Carlos Henrique

Adilson Carlos começou a trabalhar na Educadora como operador de áudio em 2003, auxiliando Carlos Henrique no programa Balanço do Nordeste, que era transmitido das 5 às 6 horas da tarde, e ali construirmos uma grande amizade. Depois passei a desenvolver as habilidades profissionais no estúdio de gravação emissora, e sempre recebia a ilustre visita do Galinho, oportunidades que me contava histórias, experiências e também passou a me incentivava, ao saber que eu queria apresentar programa jornalístico. Esta conivência foi mantida até 2020 quando fui desligado da rádio em abril.

Amigo, alegre, brincalhão, mas por seu hábito perfeccionista, também dava bronca quando avaliava que o trabalho não estava legal. Operador tinha que fazer tudo da forma que ele queira ou então era "queimado" em pleno ar.  

Enfim, Carlos Henrique foi um grande professor, como ele mesmo costumava dizer que eu era mais um aluno da "faculdade do Galo" como chamava aqueles trabalhavam no seu programa. O tive como grande incentivador, especialmente para seguir a carreira de locutor noticiarista.

Só me resta agradecer a esse grande profissional por tudo, das broncas aos ensinamentos, me foi um grande aprendizado. Infelizmente é mais uma voz do rádio maranhense calada pela Covid 19, que deixa uma lacuna enorme, especialmente a seus inúmeros ouvintes e admiradores. Sem ele, as manhãs da Educadora nunca mais serão as mesmas. Mas ele se foi com a certeza da missão cumprida. Que Deus o tenha em um bom lugar, e conforte os corações de seus familiares.

Vá com Deus, Guerreiro!

Para matar a saudade, veja abaixo um trecho de um documentário sobre a história de Galinho contada de viva voz, realizado pelo Museu da Memória do Áudio Visual do Maranhão, que teve divulgação nas redes sociais após seu falecimento.



 


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