domingo, 26 de abril de 2020

CASAMENTO ACABADO: O QUE AINDA SE PODE CONTAR DO FINAL INFELIZ ENTRE MORO E BOLSONARO, DE FATOS A MEMES

A queda de Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, ninguém em sã consciência tinha dúvida que era questão de tempo, e aconteceu na sexta-feira [23/04], quando o idolatrado ex-juiz da Lava Jato decidiu pular fora do barco náufrago de Jair Bolsonaro, capítulo emblemático que entra para a história do Brasil. Casamento acabado e um final infeliz. Em meio a pandemia do novo coronavírus e uma grave crise política estabelecida no governo, Moro que antes dizia ter carta branca do Palácio do Planalto, pediu demissão, alegando desconforto com o presidente, colocando mais fogo no circo que começou a incendiar com a demissão dias antes do ministro da saúde Henrique Mandetta. A exoneração do diretor geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, braço direito de Moro, foi o estopim de uma bomba que explodiu, com estilhaços atingindo os dois lados, e ainda podem fazer mais destroços num cenário minado de dúvidas e incertezas.

Na manhã de sexta-feira Sérgio Moro, pousando de vítima, chama a imprensa e anuncia o fim do casamento com "Mito" a quem ataca com graves denúncias, entre elas, de que o presidente queria interferir politicamente na sua gestão, mais precisamente na PF, cobrando relatório diário do que acontecia por lá, mas nunca tinha vez com Valeixo. A preocupação do presidente seria com investigações dos filhos, especialmente das supostas ligações do senador Flávio Bolsonaro [o rei da rachadinha] com chefes milicianos e com as mortes da vereadora do Rio Marielle Franco e do motorista dela, crime que o próprio presidente já foi apontado como suspeito de participação, sem prova.

A tarde, no mesmo dias Bolsonaro não deixa barato e contra-ataca, também de vítima, e sua principal queixa era a de que Valeixo estava dando importância à morte de Marielle invés de investigar quem mandou Adélio Bispo matá-lo. Em rodeios do seu discurso sentimentalista e ideológico tenta incriminar seu ex-ministro, jogando-o contra a opinião pública, repetindo o que Moro já havia feito com ele. Bolsonaro alega que o ex-ministro queria negociar sua permanência no cargo até setembro em troca de uma vaga no STF, que Moro desmente. Depois tem o acusado de traição, ao descobrir que Moro teria se aliado a inimigos do seu governo, como Rodrigo Maia [presidente da Câmara], Davi Alcolumbre [senado], João Dória [governador de São Paulo], Wilson Witzel [RJ] e Dias Tofolli [presidente do STF], numa trama sórdida para derrubá-lo do poder. O capitão ainda acabou acusado de falsificação de documento, por ter colocado a assinatura de Sérgio Moro no ato de exoneração do diretor da PF sem o conhecimento dele.

Quem está com a verdade ainda é uma incógnita e pode-se levar muito tempo para essa descoberta, é fato porém, que estilhaços da bomba detonada estão girando no ar, e se as chamas não apagarem no percurso da descida, poderão causar estragos ainda mais devastadores, pois já sugiram pedidos de CPIs e até de Impeachment do presidente. Com um novo diretor da PF e novo ministro da Justiça e Segurança Pública, os torpedos poderão cair também pra cima de Sérgio Moro, que terá o nome fortalecido para 2022 caso Bolsonaro saia do embate derrotado.

Agora, se a preocupação do Presidente Novíssimo [assim era salvo contato de JB no celular do Moro] era com as investigações na Policia Federal que pesavam contra os filhos, o pesadelo acabou, pois a PF já foi entregue exatamente a Alexandre Ramagem, como eles tanto reivindicavam. Além de ter atuado na segurança do Capitão durante a campanha eleitoral, Ramagem é também amigo dos meninos. Agora sim, tudo certo, a PF terá a plena confiança do Palácio.


Vingança

No seu pronunciamento, Bolsonaro fez questão de expor publicamente que nunca foi amigo de Sérgio Moro, e revelou que só o chamou para ser seu ministro por influência de alguém que não declinou o nome. Contou que após eleito uma pessoa o teria procurado e pedido uma reunião com o então juiz da Lava Jato. Revelou ainda que conheceu Moro pela primeira vez em 2017 num encontro frustrado em um aeroporto, quando teria ido cumprimentá-lo, mas foi ignorado pelo magistrado. Isso parece ter mexido muito com seu ego. Agora talvez tenha tido a oportunidade da vingança.

Oposição

Enquanto as bombas explodem e há correria no campo minado dentro do governo, a esquerda eufórica, grita: "pega fogo cabaré!" E assim vão tirando aproveito dos mínimos detalhes. Que tal a declaração do carrasco do PT dizendo que Dilma e Lula deram bons exemplos por não terem interferido na PF quando eram investigados na Operação Lava Jato? Embora se saiba que não é bem assim. Mas o fato do rompimento tem levado esquerdistas a irmanar-se àquele que num passado não muito distante colocou na cadeia até a maior liderança do PT. Aliás, já se ouve petista declarando-se-se Moro desde criancinha, até na cadeia, se preciso for.

Bom, já imaginou o Lula pedindo voto ao "companheiro" Moro? Pior que tudo é possível no jogo  político, e isso já aconteceu com o Sarney, por exemplo, que virou "companheiro" do tal "Sapo barbudo", todos lembram.

Bolsonaro deveria agradecer ao Valeixo

Se por um lado o presidente sofre o seu maior desgaste político com a saída do maior símbolo de combate a corrupção do seu governo, por outro, Jair Bolsonaro deve agradecer muito ao Maurício Valeixo [braço direito de Moro] por descobertas importantes na sua vida, coisas que assim como o ex-presidente o Lula, "não lembrava" ou "não sabia de nada".

Ele não sabia, por exemplo, que o filho numero 4 [que aos 20 anos se prepara para entrar na política testando uma vaga de vereador do Rio] passava o "rodo" no condomínio todo e namorava a filha do ex-sargento acusado da morte de Marielle; ele também não conhecia ou não lembrava do referido militar; disse que não lembrava ou não sabia que um dia chamou uma mulher de gorda; muito menos sabia que sua sogra [mãe da Michelle] tinha envolvimento e já havia até sido presa por tráfico de drogas. Fatos que Valeixo investigou e trouxe ao seu conhecimento ou refrescou a sua memória.


Quem será o próximo?

Após a queda sucessiva de dois pilares do governo, os especuladores já listam o grid das futuras  demissões no atual governo. Deu pra perceber que juntos ao presidente durante o discurso nenhum ministro usava máscaras, com exceção de Paulo Gudes da economia. Será se o Bolsonaro o chamou de frouxo?

Como se sabe o presidente acha bobagens essas orientações da OMS para conter o avanço do  coronavírus que ele chama de "gripizinha", o que teria sido a causa da exoneração de Mandetta da Saúde. Ou seja, Guedes corre sério risco de ser punido por desobediência ao presidente por usar máscara, e já apostam que ele pode ser o próximo a ir para o paredão do que chamam de "Big Brother Brasília 2020".

Meme da internet

Os memes

O discurso do presidente durou cerca de 45 minutos, mas deve ter sido uma eternidade para os ministros que tiveram que ficar ali em pé por todo esse tempo com cara de paisagem. Aliás, para o novo ministro de Saúde Nelson Teich, deve ter sido o mais enfadonho da sua vida. E se a fala do presidente não foi lá tão convincente assim, ao menos serviu de inspiração para os memes que bombaram nas redes sociais, com destaque ao Teich, que estão chamando de irmão do Mick Jagger, que era flagrado pelas câmeras, quase cochilando em pé. Confira alguns desses memes:

Nelson Teich e Mick Jagger: qualquer semelhança...






Sobrou até para o tradutor de libras


Bolsonaro finalmente soube como era chamado pelo seu ministro da Justiça: Presidente Novíssimo



E se Bolsonaro não conseguiu a fidelidade de Moro, pode tê-lo feito um fiel torcedor do Flamengo. Rá Rá Rá

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