domingo, 10 de abril de 2016

DESCASO NA CIDADE OPERÁRIA: BURACOS, CRATERAS E LAMAÇAL DESAFIAM ATÉ AS PLACAS DO "MAIS ASFALTO"

A Cidade Operária, um dos bairros mais populosos da capital maranhense continua sendo castigada pela inoperância da administração municipal. A prova disso está na infraestrutura em completo estado de abandono. Ruas e avenidas afetadas por um festival de buracos, crateras, lama que viram um pesadelo na vida de moradores e condutores. E nem o tão falado "Mais Asfalto" prometido como solução para a região resolveu o problema. Beneficiou alguns, não a maioria, muito menos a todos. A situação é precária e insustentável.

Ao contrário do que tem alardeado a publicidade oficial da prefeitura de São Luis sobre os benefícios de ruas asfaltadas e bem cuidadas, moradores alegre e felizes, o que se pode vislumbrar é o retrato do descaso. Até ruas principais esburacadas, buracos que viram crateras, trechos intrafegáveis e um lamaçal infernal. Um Deus nos acuda, que revolta os moradores e quem mais passa por ali.

O caos nas vias é geral e faz suas vítimas todos os dias, e nem fazendo zig-zag é possível escapar das armadilhas espalhadas por todos os lados. Uma das tantas vítimas, Júlio Melo, morador da Cohab teve o pneu do seu veículo cortado, quando trafegava a noite na avenida principal, sentido feira. "Quando eu vi, já tava dentro do buraco e apesar de ter reduzido a velocidade, o impacto foi tão forte que o pneu do meu carro estourou e sabe quem pagou? O meu bolso", relatou a este blog em tom de brincadeira falando do prejuízo que teve ao cair em um dos vários pequenos, mas perigosos buracos existentes na extensão da via.

Na avenida Oeste Externa que fica por trás da UEMA, a buraqueira é de "cabo a rabo". Esta cratera da imagem é chegando no circo-escola, para fazer o retorno indo ao supermercado Mateus. Cheio de água e tomando todo o espaço, nele já houve registros de várias situações. "Aqui eu já vi gente arrastando o fundo do carro no buraco, gente que saiu com pneu furado, há poucos dias teve um carro que apagou e a dona (motorista) dele teve que sair nessa água nojenta ai porque o motor não pegou", nos contou o mototaxista Rubens sobre a cratera que se instalou no local faz muito tempo e só a SEMOSP parece não saber.

A precariedade também toma conta da avenida Oeste Interna que passa pelo supermercado indo até o Bar Barraca de Pau e tem um grande fluxo de veículos. Neste ponto próximo ao semáforo a buraqueira corta a via de um lado a outro, e mesmo o condutor tendo o devido cuidado, ainda sofre com o impacto do carro quando passa por cima da irregularidade. "Rapaz isso aqui é revoltante porque a gente paga IPTU, IPVA e tantos impostos pra ter melhorias na nossa cidade, mas o que esse prefeito dá em troca pra gente é isso ai, uma cidade toda esburacada como ta aqui, que a gente arrebenta nossos carros nisso ai..." desabafou o autônomo Wellington Dias que afirma ainda já ter tido muitos prejuízos com peças de carro de tanto cair em buracos em São Luís.

A propósito, a prefeitura de São Luís em parceria com o governo do Estado lançou ano passado na região o programa "Mais Asfalto", que chegou com a proposta de mudar a realidade do bairro com as vias recuperadas e confortáveis aos cidadãos, mas na prática, espalharam muitas placas, sendo que pouco foi feito se comparado a grande demanda ali existente. Aliás, na Cidade Operária os buracos desafiam essas placas do "Mais Asfalto", pois muitas delas foram colocadas em ruas onde nunca foi visto sequer uma máquina da prefeitura.

A avenida Este 103, que desce pela feira para a Unidade 101, sentido Maiobinha é um exemplo. Tem uma enorme placa, mas segundo moradores o asfalto nunca chegou. "Botaram essa placa ai, só que até hoje estamos esperando. Enquanto isso, a quantidade de buracos só ta aumentando, né?", disse um morador que não quis se identificar.
Esta outra fica numa via chamada de "Passarela", que divide as Unidades 105 e 103, em uma pracinha a poucos metros da igreja Assembleia de Deus. Mesmo completamente destruída e já intrafegável, os benefícios do "Mais Asfalto" apenas passaram por perto. Os moradores acham estranho que a rua tenha até a placa, porém nada de obras da prefeitura. "Eu não sei o que aconteceu. Eles pregaram essa placa ai ta quase com um ano, passaram aqui por perto (se referindo a quatro ruas da Unidade 103 alcançadas pelo programa), mas não vieram pra cá, quer dizer é só a placa pra enganar a gente? Eu acho que eles pensam que aqui não mora ninguém, não passa ninguém e nós temos que viver com isso que você ta vendo", comentou a moradora Edileuza Cavalcanti, que ainda denunciou que na passarela "tem muito é assalto direto".

Na rua Nove da Unidade 105, uma enorme cratera bem no começo também já impede o acesso de carros que passam com muita dificuldade e podendo quebrar peças. "Chegamos ao fim do poço, meu filho, agora acabou tudo aqui", me disse uma senhora que estava sentada na porta de casa na noite em que o titular deste blog passou por lá, e aproveitava para orientar os motoristas que por ali passavam para não quebrar seus carros no enorme buraco que se abriu no local.

A bem da verdade, toda a Unidade 105 está esburacada, a espera de uma ação da gestão municipal.

Dificuldade também enfrenta quem passa pela avenida Norte Interna no Residencial Pirapemas (como vemos nesta imagem) que fica no limite com a Maiobinha e recebe um grande volume de veículos, inclusive ônibus de passageiros.

Na mesma região, nas proximidades do Viva Maiobinha as crateras e o lamaçal estão instaladas na avenida que dá acesso a bairros como Vila Kiola, Vila Flamengo, bem como a avenida Tracredo Neves, que liga à Estrada de Ribamar.


Quer dizer, se a propaganda oficial diz que a prefeitura mudou a vida dos moradores da Cidade Operária com o "Mais Asfalto", a versão da realidade mostra que apenas algumas ruas foram beneficiadas e o bairro anda longe, muito longe de ter vias confortáveis e trafegáveis e cidadãos satisfeitos. Por enquanto, usam um discurso de engodo para passar a imagem de trabalho na infraestrutura da cidade, quando na verdade maquiam com paliativos um problema crônico difícil de ser resolvido.

É lamentável, mas esta é a dura realidade de quem vive e convive com a buraqueira e lamaçal na Cidade Operária, um bairro tão grande quanto a complexidade dos seus dilemas, e que amarga na inoperância administrativa, que desta forma enfia cada vez mais a cara da população no buraco da decepção.

Abandonados e sem representatividade política, resta aos moradores da Operária alimentar suas esperanças, rezar no sal grosso e torcer que um dia seja eleita uma figura trate a cidade com decência e entenda o direto do cidadão a cidadania. Por enquanto vão sobrevivendo a própria sorte nas sobras das mentiras, dos discursos eleitoreiros e das promessas vazias daqueles que só pensam no voto desses desvalidos, impotentes, mas esperançosos heróis da resistência.

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