segunda-feira, 16 de maio de 2022

NO DIA DO AGENTE DE LIMPEZA: ENQUANTO BRAIDE DANÇA PRA COMEMORAR A DATA, FUNCIONÁRIOS DA MAXTEC PASSAM FOME COM SALÁRIOS ATRASADOS


No dia do Agente de Asseio e Conservação [ou no popular Agente de Limpeza], o prefeito de São Luís, Eduardo Braide posta em suas redes sociais uma ação que realizou para homenagear esses profissionais que prestam o importante serviço ao município. No evento, fez poses ao lado dos trabalhadores e até dançou com eles, e para finalizar discursou, agradecendo a categoria pelo trabalho, para demonstrar ao público que sua gestão reconhece, valoriza e respeita a classe. 

Louvável a atitude de Braide, afinal, durante os últimos tempos, nunca se tinha visto um prefeito com uma atitude tão nobre de levantar a autoestima de uma classe pouco valorizada. Lamentável, porém, é que tudo não passa de demagogia, pois enquanto Braide realiza um evento para mostrar na mídia seu "interesse" por esses trabalhadores, tem ignorado plenamente os profissionais da limpeza e higienização dos hospitais da capital, deixando-os urrando, passando necessidade e fome, com salários atrasados, vivendo em situação de calamidade, literalmente como diz o ditado popular: "comendo o pão que o diabo amassou", pois a terceirizada Maxtec nega seus direitos, alegando que a prefeitura não tem lhe repassado os devidos recursos, e assim desconta sua insatisfação nos pobres funcionários. No mês passado o atraso chegou a mais de 20 dias e agora já são 10.  

Esse desrespeito da empresa e da prefeitura que se repete todo mês desde o ano passado, tem causado grandes transtornos na vida dos trabalhadores e de suas famílias. Este blog tem sido procurado constantemente por esses profissionais marginalizados pela terceirizada e pela gestão municipal, e tem sido o único canal aberto para seus lamentos e desabafos neste tempo de profunda escuridão para a categoria. 

Os relatos são dolorosos, de cortar o coração, entre os últimos que recebemos, dois são relacionados à saúde na família. Em um deles, uma trabalhadora diz que está com um filho doente, mas sem dinheiro para comprar remédios. Um outro cidadão diz que a esposa precisa realizar exames particulares, mas está impossibilitado, sem o recurso. A empresa por sua vez é só cobrança para que o trabalho seja realizado. 

"Só querem pra gente trabalhar e trabalhar, pagar que é bom, nada", desabafa um outro trabalhador.

Pior é que nessa luta de extrema covardia, eles não contam com ninguém. Nem com a Câmara Municipal, nem com o Ministério Público, nem Justiça do Trabalho, e segundo eles, até o o Sindicato da classe se calou, e hoje suspeitam que o presidente da entidade pode ter sido comprado pela empresa.

"Impressionante que o Sindicato não diz nada, ta calado desde a audiência [audiência de conciliação na Justiça do Trabalho entre a Maxtec, prefeitura e sindicato], a gente não sabe de nada, ficam sé enganando a gente. Ninguém tá nem aí, nós estamos passando necessidade, fome, temos nossas obrigações, temos filhos, temos contas pra pagar, cobrador na nossa porta todo dia e [a empresa] não paga a gente, ninguém diz nada, só querem que a gente trabalhe, nos humilham de todo jeito, é revoltante", desabafa de uma trabalhadora.

"Parece que o presidente, dessa vez tá comprado", diz outro.

Oxalá que o prefeito Eduardo Braide estivesse, de fato, preocupado com os trabalhadores da limpeza pública, sensível às suas necessidades, e não estivesse meramente usando esta classe humilde para se promover politicamente com discursos populistas. Da mesma maneira que o Sindicato de Asseio e Conservação não estivesse usando a situação para tirar proveitos, ai sim, realmente esses trabalhadores teriam algo a comemorar, que não fosse a humilhação, a intolerância, o desrespeito brutal por seu trabalho, o que lamentavelmente está acontecendo.

Leia também: DESRESPEITO, INSENSIBILIDADE E HUMILHAÇÃO: NO DIA DAS MÃES, FUNCIONÁRIOS DA MAXTEC E OUTROS TRABALHADORES DA PREFEITURA DE SÃO LUÍS COMEM O "PÃO QUE BRAIDE AMASSOU"


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