Foi ou não foi quebra de decoro Arnaldo? Perguntaria Galvão Bueno ao seu amigo Arnaldo César Coelho. E a Assembléia Legislativa do Maranhão como se posicionará em relação ao episódio envolvendo um de seus membros, que sai do seu Estado para fazer vergonha em terras alheias? Me refiro a confusão protagonizada pelo deputado Fábio Macedo (PDT), que começou
num bar de Teresina e foi parar numa delegacia da capital do Piauí. E não falo do fato em si, mas da atitude ridícula do parlamentar, que no auge de pura insanidade, ameaça de morte policiais piauienses, e chega até a expor a família como, no mínimo perigosa a sociedade maranhense.
O caso de policia, que neste final de semana teve grande repercussão na imprensa do Piauí e Maranhão e nas redes
sociais dava conta de uma briga generalizada entre o Deputado Fábio Macedo e
um cantor de "inúteis musiquinhas de playboy" que agitam os chamados
"Paredões". Segundo as informações, o deputado pedetista que já está
em seu segundo mandato, teria tentado tomar o microfone do cantor Léo
Cachorrão. Não conseguindo seu intento, teria promovido um tumulto, chagando a agredir músicos e até policiais. Levado a Delegacia de Teresina, o deputado maranhense é acusado de agressão, lesão
corporal e desacato a autoridade.
Com os ânimos alterados ao tentar resistir a ordem de prisão, o deputado Fábio Macedo até foi coerente, quando mesmo diante dos argumentos toscos (típico de carteirada), pede para ser preso (veja o vídeo), mas o que se ouve em suas
declarações na delegacia é de deixar preocupado qualquer um (inclusive seus
eleitores), pois Fábio Macedo diz textualmente quem ele é, do que é capaz, e
ainda deixa nas entrelinhas quão temível e perigoso pode ser o pai, senão
vejamos neste trecho comprometedor do diálogo, quando ameaça de morte um militar. (ouça o áudio) amplamente
divulgado nas redes sociais:
Deputado: “Sou
deputado, sou rico. Aí vai morrer gente. Gente mata gente. Vocês são polícia,
mas gente mata gente”.
Policial: “Eu não
entendi”.
Deputado: “Mata, pode
matar”.
Policial: “Vocês
mandam matar a gente, é?”.
Deputado: “Sabe quem
é Dedé Macedo?”.
Policial: “Não. Conheço
ninguém, não".
Deputado: “Nem vou te
contar”, diz Fabio Macedo, numa frase que o início é quase inaudível.
Dedé Macedo em questão, trata-se do empresário e pecuarista José Wilson de Macedo, mais conhecido como Dedé Macedo, pai do deputado Fábio Macedo. Segundo informações disponíveis em blogs, trata-se de homem muito poderoso na política do Maranhão. Bastante conhecido por ser o "caixa forte" de campanhas políticas no Estado, entre elas, do atual governador Flávio Dino (PCdoB). Talvez esse currículo que blinda o pai (quem sabe até em possíveis práticas ilegais), dê mais segurança a Fábio, o filho, do que sua própria "autoridade" de deputado.
O parlamentar já se
manifestou por meio de nota sobre o episódio, em que assume ser alcoólatra, e até pede desculpas a população por sua atitude insana que envergonhou os maranhenses. Mas não basta só isso. A Assembleia Legislativa do Maranhão precisa tomar um posicionamento, punitivo de preferência, afinal Macedo é
reincidente, e como sempre, sai debochando das autoridades policiais e da própria população. E isso que se ouviu no áudio, não
se caracterizaria em quebra de decoro, Otelino?
O desacato eles podem até passar por cima, pois é comum aos donos de mandatos acharem ter mais autoridade que a polícia, mas as declarações do deputado, como ele fala em matar, sem pudor, a Casa Legislativa do Maranhão tem o dever moral de tomar as providências cabíveis, analisar o caso, e assim dar uma resposta à sociedade. Lamentavelmente isso dificilmente acontecerá, visto o corporativismo falar mais alto dentro da ALEMA, e provavelmente passarão a mão na cabeça do deputado.
Agora o caso é muito grave, e se existisse Polícia, Ministério Público e Justiça atuantes, esse caso não ficaria "barato", como acredita-se que ocorra até cair no esquecimento. Pois
se um homem público faz ameaças à polícia em frente às câmaras, imagine o que seria capaz de fazer covardemente a um cidadão comum à sombra de uma imunidade parlamentar? Como galinhas vigiadas por raposas, podemos estar entregues aos cuidados de pessoas altamente perigosas, que ainda se intitulam de represente do povo. Absurdo!!! Onde nós estamos? Num faroeste?
Aliás, o deputado debochando dos policiais, diz que é "rico", um bordão comum muito usado pelo pior pobre, o de espírito. E se o deputado é rico, deve ser completo economicamente, chegou no topo da realização pessoal, então que diabos fica na dependência de um mandato? Só para se locupletar? É o dinheiro das farras?
Pois preocupado com o povo, como diz ser, deveria então doar o que ganha como deputado aos pobres do Estado. É uma forma de prestar um grande serviço à sociedade.
Mesmo não havendo punição por parte da Assembléia, com esse fato lamentável o deputado Fábio Macedo perde o respeito e merece o repúdio dos Maranhenses.
Em tempo, ai está a nota de arrependimento do deputado:
"Aos maranhenses que me elegeram e confiaram como seu representante, peço as mais sinceras desculpas por meu descontrole emocional na última madrugada, onde após o consumo de bebidas alcoólicas, associadas ao uso de medicações para tratamento de saúde, me envolvi em uma confusão em um bar na cidade de Teresina. Há anos enfrento problemas de depressão e alcoolismo e no momento da confusão estava sem o controle de minhas faculdades mentais e em estado total de embriaguez. Sei que nada justifica minhas atitudes e como homem que sou, assumirei todas as responsabilidade legais e morais. Também peço desculpas à Corporação da Polícia de Teresina, a quem muito respeito e admiro o trabalho.
"Chegar a este momento é muito difícil e até doloroso, mas a verdade deve ser dita, não para me justificar ou fugir das responsabilidades, mas para que possam entender o que tenho passado nos últimos anos. Depois da realização de uma cirurgia bariátrica, a qual fui submetido para a retirada de um balão gástrico, que estava me causando várias complicações de saúde, tive novamente uma recaída na depressão, algo com que convivi parte da minha vida e que pensei ter sido superado por completo. Além da depressão, passei a ter problemas com alcoolismo, meu organismo não consegue mais processar o consumo de bebidas corretamente, qualquer quantidade faz com que logo eu perca a razão e o controle emocional, algo que trouxe um peso enorme para minha vida, assim como meus pais, irmãos, esposa e filhos, que todo este tempo tem lutado ao meu lado, me dando forças para continuar seguindo. Infelizmente nos últimos dias tive sucessivas recaídas, algo que não me orgulho. O alcoolismo, assim como a depressão, infelizmente, são doenças graves, desta forma me comprometo em continuar com o tratamento de saúde para superar essa condição."
Fabio Macedo – Deputado estadual