Ano passado José Sarney retornava de mala e cuia do Amapá ao Maranhão, transferido seu domicílio eleitoral para São Luís com um único objetivo: recuperar o palácio dos Leões para os domínios de Roseana (MDB) e fazer o Sarney Filho (PV) senador. Só que a "Princesa" (para a lista de propina da Odebresth) ou "Guerreira do Povo" (para este pleito) não conseguiu convencer os maranhenses e entregou o ouro de bandeja e mão beijada a Flávio Dino (PCdoB), este que não tendo um concorrente competitivo, teve mais traquejo, garantindo a permanência por mais quatro anos no Palácio dos Leões logo no primeiro turno. O filho do coronel, o eterno deputado federal, que nunca perdia uma eleição para a Câmara nos últimos quase 40 anos, na ânsia de virar senador ficou no meio do caminho. E Edson Lobão (MDB), fiel escudeiro, também muito desgastado na política não decolou como mostravam as pesquisas do grupo, e ambos perderam suas vagas para o "serelepe" Weverton Rocha (PDT) e a esperta por demais Eliziane Gama (PPS), estes últimos do bloco do Dino.
Na Câmara Federal e na Assembléia Legislativa do Maranhão, o prejuízo também foi incalculável para o clã Sarney, que perdeu a maioria dos aliados, e ainda corre o risco de ser traído pelos poucos apoiadores que lhe resta. No legislativo maranhense, desta vez só terá uma voz garantida, a do neto Adriano Sarney.
Que tiro foi esse? É a pergunta que não quer calar dentro do clã desde os resultados das urnas na noite deste domingo sombrio para o grupo, que nunca será esquecido, e que apresenta o surgimento de um novo líder no Maranhão, que avança agora para tomar definitivamente o lugar do velho conhecido "camaleão" da política nacional. O tiro que atingiu Sarney na espinha dorsal, saiu da arma do Flávio Dino, que juntamente com o parceiro Marcio Jerry, apontaram ao alvo, e o povo puxou o gatilho, resultando numa tragédia sem precedente no ninho do emedebista.
A humilhação foi tamanha, que talvez o oligarca nunca tenha imaginado que algum dia passasse por um vexame dessa magnitude. Ou até pode ter pensado nessa possibilidade, afinal não foi à toa que largou o Amapá às pressas, vindo ao Maranhão só pra cuidar da campanha dos filhos, que sucumbiam em rejeição popular. Sarney até tentou fazer as pazes com o eleitor, mas suas trapalhadas na política nacional também o fizeram cair no descrédito. Assim, toda a sua artilharia e artimanhas não funcionaram no ataque final, sofrendo sua maior derrota para os comunistas. E essa eleição demonstra também que Sarney não tem mais moral com o povo que por tanto tempo lhe prestou fidelidade nas urnas.
E se alguém ainda acreditava na tese que Sarney era o gênio da política brasileira agora vai ter que rever seus conceitos. Repito o que já escrevi aqui em outra oportunidade: O Sarney só era o político "mais inteligente" do país porque ao seu redor só existiam frouxos, que só se agachavam às suas conveniências, e assim, ele se perpetuava num reinado que parecia não ter fim, mas que pelo visto esse fim chegou.
Com o tiro certeiro que levou da artilharia de Dino e Jerry, resta saber qual será o futuro de José Sarney. Pegar as malas e retornar ao Amapá, transferindo seu domicílio eleitoral de volta para reconquistar os súditos amapaense? Se for assim, certamente levará também os filhos. Emplaca a Roseana governadora e Zequinha senador, Adriano Sarney prefeito de Macapá, e por ai vai... Ou vai defender a criação de um novo Estado pra dominar? Ou na pior da hipóteses, será se vai recorrer ao tapetão, repetindo o feito covarde contra o infeliz Jackson Lago? Pedras ele tem nas mãos, resta saber se vai usá-las em um "tudo ou nada" na justiça contra os comunistas e contra a vontade do povo. São esse detalhes que tem rendido desgastes ao coronel, como este resultado nas urnas do Maranhão.
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